Os argentinos participaram de uma reunião com a indústria brasileira. Foi assinado um convenio com o objetivo de adequar a produção do país vizinho à demanda dos moinhos brasileiros. Para isso, foi criada uma tabela de classificação que deve ser usada como base nos dois países.
Para a Abitrigo, o convênio é importante, pois deve permitir que os moinhos do Brasil saibam com mais rapidez e transparência quanto de trigo os argentinos vão produzir e com que qualidade. Porém, a associação lembra que o sucesso do convênio vai depender do diferencial de preço que as indústrias brasileiras estão dispostas a pagar.
O convênio ocorre em um momento importante, já que a relação Brasil-Argentina, no que se refere à compra de trigo, ficou um pouco estremecida no último ano. Em 2009, o Brasil comprou pouco mais de três milhões de toneladas do grão da Argentina, de acordo com o Serviço de Comércio Exterior (Secex). Trata-se de um milhão a menos que no ano anterior e metade do que costumava importar há cinco anos. Problemas, principalmente políticos, reduziram muito a produção local do país vizinho. Para atender a demanda, o Brasil teve que buscar trigo em países como Estados Unidos e Canadá, e pagar mais caro por isso.
? Gastamos R$ 500 milhões importando um trigo que acabou indo pra ração animal. Por isso, a importância do convênio ? diz o presidente da Abitrigo, Sérgio Amaral.
A situação deve melhorar esse ano. O presidente da Associação Argentina dos Produtores de Trigo informou que o país deve produzir entre 10 e 11 milhões de toneladas nessa safra. Na última, uma das piores da história do país vizinho, foram sete milhões de toneladas. A estimativa fica abaixo das previsões de analistas que chegavam a doze milhões de toneladas. Mesmo assim, segundo as indústrias, este ano vai ser possível abastecer a demanda brasileira.
Isso porque dos dez milhões produzidos na Argentina, sobrariam quatro milhões para exportar. O Brasil precisa importar cinco milhões de toneladas. A diferença o país deve buscar em mercados como Paraguai e Uruguai, que devem ter um saldo de dois milhões de toneladas para exportar. Com isso, não haveria necessidade de importar o trigo mais caro que vem de países como Canadá e Estados Unidos.
Entretanto, os argentinos lembram que o sucesso da safra de trigo ainda depende das políticas governamentais. Atualmente, o governo argentino retém 28% da produção, o que tem desestimulado os agricultores.