Especialistas do setor projetam que tratado comercial pode aumentar o interesse da China pelo grão brasileiro
Roberta Silveira | São Paulo (SP)
Considerado um exportador de grãos confiável, o Brasil deve continuar negociando grandes volumes de soja e milho mesmo com a criação do Tratado Comercial Transpacífico (TPP). Especialistas acreditam na competitividade do país e acreditam até em aumento da demanda chinesa como reação ao acordo.
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A China, que está fora do TPP, é a maior compradora de soja em grãos do Brasil, com mais de 30 milhões de toneladas por ano. Por outro lado, um mercado que vem ganhando importância é o Japão, que está entre os dez maiores compradores dos nossos grãos, com cerca de 500 mil toneladas anuais. Os japoneses são integrantes da parceria de 12 países. Apesar do anúncio do acordo, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais não vê perigo na formação do bloco comercial.
– Para a exportação de grãos, não [vai prejudicar]. Não acho que tenha prejuízo para nós. O que me preocupava eram os japoneses, que fazem parte do acordo. Mas o Brasil se tornou tão confiável na parte de grãos que é muito difícil fugirem disso. Lamentamos que o Brasil esteja ausente de acordos tão importantes. No caso da China, é capaz de haver uma aceleração, já que o acordo foi feito com o objetivo de inibir o comércio para eles – explica o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes.
O Brasil é o maior exportador de soja em grão do mundo. Outro grande participante do mercado, os Estados Unidos, não têm disponibilidade de produto suficiente para alterar a dinâmica do comércio mundial da commodity.
– Existe sim o Japão, que tem grande procura por grão, mas ainda não há uma medida de transformação imediata. Neste momento, a produção que está sendo plantada já tem uma compra programada a médio e longo prazo. Se houver mudança, será no longo prazo – projeta o consultor de mercado Mário Mariano.
A parceria Transpacífico pode ser benéfica. Isso porque o Brasil pode começar a vender milho para a China, comércio que ainda não existe. Atualmente os chineses compram o cereal dos Estados Unidos.
– É capaz de, indiretamente, você tem um resultado positivo. A China compra milho dos Estados Unidos e pode haver uma reação. O Brasil é um exportador extremamente confiável, é muito difícil que seja excluído – projeta Mendes, da Anec.
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