As cotações brasileiras do arábica foram impulsionadas pelas elevações nos preços internacionais. Em dezembro, na Bolsa de Nova York, o contrato de arábica alcançou o maior valor dos últimos 13 anos. Essa forte alta foi justificada pelos baixos estoques mundiais, pelo consumo crescente e por problemas climáticos em outros países produtores do grão, como a Colômbia, que novamente deve produzir um volume bem abaixo do seu potencial.
A safra brasileira não foi favorável apenas pelos preços elevados. A produção foi maior, mesmo com a menor área, dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que houve diminuição de 0,8% na área de 2009 para 2010. Isso foi possível porque a produtividade na safra 2010/11 foi 23% maior que a da temporada 2009/10, alcançando 23,16 sacas/hectare. Se comparada a safra 2010/11 com a 2008/09, que também foi de bienalidade positiva, o aumento na produtividade é de 9%.
Assim, a alta produtividade aliada aos elevados patamares de preços, o ano de 2010 permitiu boa rentabilidade ao produtor brasileiro, especialmente ao de arábica de melhor qualidade. Já em relação aos produtores com menor nível tecnológico, a alta nos preços permitiu, pelo menos, alívio nos caixas.
De modo geral, antes do início da safra, a expectativa de agentes era de ligeira redução nos preços assim que os novos lotes fossem disponibilizados. A colheita brasileira foi iniciada antes do previsto, em meados de maio, e, como os preços estavam em alta, parte dos produtores preferiu colher, mesmo com grãos ainda verdes. Com quase não choveu neste período, a qualidade do grão praticamente não foi prejudicada pela umidade. No entanto, houve desuniformidade dos lotes – grãos verdes e maduros no mesmo galho – devido às diversas floradas ocorridas em 2009.
Durante a safra, os preços do arábica subiram ainda mais, motivando um bom volume de vendas. Já em dezembro, o ritmo de negócios diminuiu visto que, além da intensificação das vendas nos meses anteriores, muitos produtores evitaram fechar negócios, diante da preocupação com declaração do imposto de renda. Assim, as vendas de dezembro foram, em sua maioria, efetuadas para entrega e pagamento em janeiro.
Entre 30 de dezembro de 2009 até o 30 de dezembro de 2010, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, subiu 51,53%, fechando a R$ 413,34/saca de 60 kg no final do ano.