O agricultor familiar Reginaldo da Silva, de Barreiras (BA), até agora não havia ouvido falar da lagarta Helicoverpa armigera. Ao saber da praga, Silva ficou preocupado.
– Fiquei (preocupado) sim. Porque se não tiver um combate pra acabar com ela, aí vai dar muito prejuízo pra gente. Não é isso? Pois é, aí a gente tem que dar um combate a ela, pra acabar com ela, com outros insetos que aparecerem. A gente tem que dar um jeito – declarou Silva.
Para dar um jeito na praga, só conhecendo o problema. Por isso, agricultores familiares de um assentamento do oeste baiano foram chamados. Pela primeira vez eles tiveram acesso a esse tipo de informação, que agora pode ser compartilhada.
– Eu to levando uma cartilha também, pra mostrar para os outros que não vieram. Pra saber do que ela é capaz de fazer com a lavoura – contou o agricultor familiar Antonio dos Santos de Araújo.
A iniciativa de levar orientação sobre o combate à helicoverpa até a agricultura de subsistência faz parte do Programa Fitossanitário da Bahia. O projeto inclui estudantes nas frentes de trabalho. Alunos do curso técnico em Agropecuária do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural estão sendo preparados para trabalhar com a praga.
– A helicoverpa entrou para causar muitos danos nas produções de grandes produtores, de grandes portes, e com conhecimento de engenheiros e técnicos podendo ajudar estes produtores, pra tirar a lagarta destes produtores, é sim, muito importante – afirmou o estudante do curso técnico em Agropecuária, Ewerton Rocha.
As marcas e os furinhos nas vagens são resultado da presença da lagarta Helicoverpa armigera nas lavouras. Essa é uma das principais características da praga, o ataque a parte reprodutiva da soja: flores e frutos. Por isso, a lagarta causa um prejuízo tão grande.
No oeste baiano, o ataque do inseto, somado à seca do ano passado, gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 2 bilhões. A lagarta Helicoverpa armigera é uma praga exótica, que não existia no Brasil, mas que em 2013 apareceu nas lavouras da Bahia e se espalhou rapidamente pelo país.
– Ela é uma praga que ataca diversas culturas. O ciclo desta praga é um ciclo rápido. Em cerca de 40 a 55 dias, ela faz uma nova geração. E cada fêmea produz por volta de 1 mil ovos. Então se a gente imaginar num ciclo de uma cultura de seis meses, é uma quantidade muito grande de insetos que vai sendo liberada no ambiente – explicou o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Barreiras, Adriano Lupinacci.
Tão importante quanto conhecer o tipo armigera da lagarta helicoverpa é saber que é possível controlar a praga. As grandes perdas fizeram com que os produtores corressem atrás de alternativas ao uso de defensivos químicos.
– Nós estamos hoje já há mais de oito meses utilizando esta ferramenta de controle biológico, vírus, bactérias, vespinhas, alguns fungos, com muito sucesso. O Brasil tem que copiar este bom exemplo da Bahia, na experiência que a Bahia está adquirindo no controle biológico – disse o coordenador técnico do Programa Fitossanitário da Bahia, Celito Breda.
As ações do Programa Fitossanitário Baiano custam R$ 5 milhões por ano. O dinheiro vem do Instituto Brasileiro do Algodão. Mas todo esse investimento só é válido se chegar a todas as áreas produtivas da região, nenhum pedacinho de terra pode ficar de fora.
– Porque esta lagarta ataca todos os produtores, não importa se é grande, pequeno ou médio. E todos eles estão envolvidos no processo. E o controle dessa lagarta só vai ser efetivado se todos os agricultores participarem – ressaltou o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Cézar Busato.