Mesmo em entressafra, preço mensal do trigo é o menor da série Cepea

Quedas estão relacionadas à concorrência com a oferta internacionalAinda em período de entressafra, o mercado doméstico de trigo está sem liquidez e, com isso, as médias mensais têm registrado os menores patamares da série do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) iniciada em 2001. De acordo com pesquisadores do centro, nos últimos meses, as quedas estiveram atreladas à maior oferta internacional, que pressionou a paridade de importação, deixando o produto especialmente da Argentina mais competitivo.

No mercado brasileiro, apesar de a oferta representar cerca de 50% do consumo doméstico, vendedores aproveitam as intervenções governamentais para exportar. Conforme dados do Cepea, em termos reais (descontando-se a inflação pelo IGP-DI), na parcial deste mês, a média do trigo no mercado disponível do Rio Grande do Sul está 11,2% inferior à de março do ano passado. No Paraná, a queda é 10,4% e, em São Paulo (capital), de 8,1% no mesmo período.

O cenário mundial de trigo parece não registrar tendência de altas, o que pode deixar compradores nacionais ainda mais desinteressados. Os preços do trigo, atualmente, refletem a boa relação estoque final/consumo que, no cenário internacional, está na casa dos 31%. Esta é a maior relação das últimas 10 safras, o que tende a limitar reajustes de preços.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla, em inglês), em comparação à última safra, o consumo mundial do cereal deve aumentar 4,5%, passando para 683,92 milhões de toneladas. Em contrapartida, a produção mundial deve avançar 6,5%, para 694,02 milhões de toneladas, incrementando os estoques finais em 5,1%, que totalizariam 209,58 milhões de toneladas de trigo.

Nos últimos dias, especificamente, os preços do trigo tiveram pequena recuperação. De acordo com dados do Cepea, entre 7 e 14 de março, no mercado gaúcho, houve estabilidade nos preços de balcão (pago ao produtor) e alta de 1% nos de lotes (negociações entre empresas). No Paraná, a média subiu 1,6% no mercado de balcão e 0,72% no de lotes. Em São Paulo (capital), a cotação média do trigo negociado no lote subiu 0,63%.