Metade dos armazéns de grãos do país apresentam estruturas antigas, diz especialista

Profissional da Universidade de Brasília aponta ainda que maior parte dos locais ficam fora da área de fazendasA boa armazenagem dos grãos é ponto chave para a valorização dos preços para o produtor. Entretanto, muitas das 18 mil unidades públicas e privadas existentes no país ficam em zonas urbanas ou têm estrutura antiga. O total da capacidade no Brasil é de 140 milhões de toneladas para estocar a produção que, nos últimos, bateu recorde. A expectativa para 2012 é 157,8 milhões de toneladas. De acordo com o gerente de Cadastro e Credenciamento de Armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),

– A safra não é colhida ao mesmo tempo. Então, mesmo quando ela é colhida, o produto não fica estático dentro do armazém. Ele vai para o beneficiamento, vai para exportação. Isso não tem causado problemas sérios ao país – diz.

Entretanto, pelo menos 50% das estruturas apresentam condições precárias, segundo o doutor em engenharia mecânica da Universidade de Brasília João Batista Soares.

– Não só o produtor, mas o consumidor, nas duas pontas, pagará a conta disso. O produtor, porque deixou de ganhar, e o consumidor, que vai pagar um produto mais caro. Se o produto não está bem conservado, ele vai se deteriorar no silo – afirma.

Outro problema apontado por Soares é a localização. Apenas 15% dos armazéns estão localizados em áreas de fazendas.

– Isso para padrões de agricultura tradicionais como as do hemisfério norte, Estados Unidos, por exemplo, é bem maior. A própria Argentina armazena mais na propriedade do que nós. Então, eu acho que a questão da armazenagem, o grande foco dela, em termos de política pública, deveria ser focar a propriedade agrícola – aponta.

O produtor rural Leomar Cenci relata ter investido R$ 1,5 milhão em recursos próprios e financeiros em uma moderna estrutura de secagem, galpões e silos, que mantém dentro de sua propriedade. Ele armazena 18 mil toneladas de grãos. Graças a sensores que ficam dentro do silo, é possível captar a temperatura e a umidade do produto, garantindo mais tempo de armazenagem para a safra de grãos.

– Facilita muito ter o equipamento em casa. Você busca uma melhor qualidade e consegue oferecer um produtor melhor para o mercado, além de agilizar a colheita. Assim, você foge da época de safra e busca um preço melhor no mercado. Não junto com a demanda dos outros produtores – pontua.

O agricultor estima que o investimento deva ser recuperado em cinco anos. O custo com mão de obra, por sua vez, é permanente.

– O profissional que cuida de armazenagem, de secagem, não está sobrando no mercado. Tem que investir em uma pessoa, treinar para que ela possa fazer. Armazenagem é uma coisa muito sensível. Tem que saber o que está fazendo – explica.