O funcionário de farmácia Cristian Hernández, 29 anos, fazia planos na manhã dessa segunda enquanto ia para o trabalho ? já que a maior parte do comércio da região decidiu abrir as portas e contribuiu para aumentar o número de pessoas circulando por calçadas até então semidesertas. O sonho acalentado por Hernández, prosaico em uma situação normal, ganha ares grandiosos no período de exceção enfrentado pelos mexicanos ? ele conta os dias para ir ao cinema.
? Era um hábito que eu tinha, e desde o começo dessa epidemia tive de abandoná-lo ? afirma.
O retorno à rotina, porém, deverá ser gradual. O governo da Cidade do México anunciou nessa segunda-feira que o grau de alerta na região baixou de vermelho (máximo) para laranja (alto), o que permitirá a restaurantes e cafés reabrirem as portas nessa quarta. Museus e bibliotecas poderão voltar a funcionar no dia seguinte. Bares e cinemas, assim como escolas, ainda estavam sob avaliação. Mas a perspectiva otimista já era festejada pela população.
? Acho que finalmente estamos passando da fase mais grave. Não vemos a hora de voltar a fazer o que sempre fizemos ? diz a estudante Susan Méndez, 17 anos.
Apesar do otimismo moderado, o chefe de governo da Cidade do México, Marcelo Ebrard, reforça nas entrevistas concedidas aos jornalistas a necessidade de manter as medidas básicas de precaução, como usar máscaras ao entrar em contato com outras pessoas, lavar as mãos seguidamente e prestar atenção a possíveis sintomas da gripe.
As preocupações entre os mexicanos agora começam a se voltar para o período de inverno (verão no Brasil), quando as temperaturas mais baixas poderiam reestimular a disseminação do vírus e provocar uma segunda epidemia, mais mortal do que a primeira. Por enquanto, porém, tudo o que os mexicanos querem é reviver a rotina ? e sentar sossegadamente em uma sala de cinema já é um bom começo.