Microalgas surgem como possível combustível alternativo

Em três anos, pesquisadores esperam apresentar resultados sobre o que pode ser mais um combustível alternativoUm laboratório especial para as pesquisas com microalgas foi inaugurado no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Os vegetais microscópicos têm uma alta capacidade de fazer fotossíntese e, com isso, de produzir biocombustível. Em três anos, os pesquisadores esperam apresentar resultados sobre o que pode ser mais um combustível alternativo.

Os estudos com microalgas começaram há mais de um ano. A vantagem das microalgas é produzir combustível não poluente, pois retira gás carbônico do ambiente e de resíduos como lixo. O Instituto Agronômico testou até agora 70 cepas ou tipos de algas diferentes. Encontrou 15 adaptadas para o clima do Paraná e, portanto, mais produtivas.

Segundo o Iapar, os estudos mostram que em um ano as microalgas podem produzir 70 toneladas de biomassa por hectare. A biomassa é de onde se extrai o biocombustível. A soja, por exemplo, produz três toneladas por ano do componente, na mesma área.

A coordenadora do projeto do Iapar, Diva de Souza Andrade, explica que vai ser possível reproduzir as microalgas, tanto em tanques abertos como em fotobiorreatores. Este é um protótipo do equipamento. Vai ser construída uma versão em tamanho natural, com capacidade para produzir de dois a quatro mil litros de biodiesel de microalgas, o que vai ajudar a testar os resultados em escala industrial. O laboratório também vai pesquisar o potencial de produção de etanol e de gás combustível de microalgas.

? Depois que retira o lipídio, o resíduo dessa massa pode ser inoculado com outro microorganismo e usar como fermentação, porque tem os carboidratos, e pode produzir o etanol, como também pode fazer uma fermentação sem oxigênio, chamada anaeróbica, e produzir metano ? Diva.

A companhia de energia elétrica do Estado investiu R$ 2,2 milhões no projeto. A ideia é expandir pesquisas com matrizes sustentáveis e beneficiar pequenos agricultores, que poderão produzir as microalgas.

? Esses projetos precisam incorporar a questão social e envolver os pequenos agricultores também, não só o grande negócio, mas a agricultura familiar para que a Copel e o Estado do Paraná possam ter um desenvolvimento equilibrado, sustentável em longo prazo ? diz o coordenador do projeto de microalgas da Copel, Túlio Cícero Pereira.

Instituições de ensino e pesquisa estão interessadas no projeto.

? As universidades vão seguir conosco na parceria, nós temos convênios com a UEM, com a UEL e com outras universidades e nós acreditamos que essa linha de pesquisa vá se sedimentar no Paraná e vai crescer, estabelecendo uma rede para que a gente possa realmente buscar os benefícios das microalgas para a sociedade paranaense ? comenta o diretor técnico científico do Iapar, Arnaldo Colozzi.