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Milhares de produtores gaúchos protestam contra demarcações indígenas da Funai no Estado

Fundação pretende demarcar 98 mil hectares em todo o RS, o que, segundo sindicato, representaria uma queda de 20% na produção agrícola gaúchaMais de mil agricultores de diferentes partes do Rio Grande do Sul bloquearam nesta sexta, dia 24, a BR-285 por seis horas, na altura da cidade de Cruzaltinha, na região norte do Estado. A manifestação foi contra os estudos de demarcação de terras indígenas feitos pela Fundação Nacional do Índio (Funai). >> Produtores de Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul, têm até terça para deixarem propriedades

O bloqueio da rodovia começou logo nas primeiras horas do dia. A cada meia hora, a via era trancada com ajuda de mais de cem tratores e 1,2 mil agricultores, que vieram de mais de 50 cidades do Estado. O tráfego era liberado em intervalos de dez minutos e até a polícia precisou esperar.

– Estamos em deslocamento para atender uma ocorrência policial. Fomos impedidos de prosseguir na nossa missão – relatou o sargento Pereira, do Batalhão Ambiental da Brigada Militar.

O impasse durou pouco e, minutos depois, a polícia entrou em acordo com os manifestantes, que abriram uma exceção.

Uma análise feita pelo Sindicato Rural de Passo Fundo, em parceira com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, aponta que a Funai pretende demarcar 98 mil hectares em todo o Estado. Segundo as entidades, isso representaria uma queda de 20% na produção agrícola gaúcha.

De acordo com os agricultores, a região norte do Estado será a mais atingida com as demarcações. Dos municípios de Mato Castelhano a Ciriaco, 23 mil hectares devem ser mapeados pela Funai.
 
 – Nessa região, são 4.600 agricultores que estão com risco de perder suas áreas de terra. A região produz soja, milho e principalmente leite. Sabemos que a produção vai parar porque os índios não produzem nada, e esse alimento vai faltar na mesa do brasileiro. O governo federal precisa intervir e ver que o produtor quer continuar produzindo – opinou o vice-presidente do Sindicato Rural de Passo Fundo, Jair Dutra Rodrigues.

O produtor rural Cledio Novill já teve 40 hectares mapeados e agora tem um prazo de 90 dias para contestar o estudo. O medo é ficar sem o sustento e não ter terra para produzir leite e grãos.
 
– A gente bota a cabeça no travesseiro e pode acordar sendo um produtor que não tem mais nada, nem onde trabalhar, nem onde dormir. O produtor fica sem amparo nenhum – lamentou Novill.
 
De acordo com a Associação Rural de Mato Castelhano, o município luta para defender 3,5 mil hectares das demarcações. Cerca de 300 famílias de agricultores já tiveram áreas delimitadas.
 
– Somos proprietários com mais de cem anos, e não posseiros, como a Funai quer nos atribuir – pontuou o vice-presidente da Associação, Renato Palagio.

De acordo com a Funai, o processo de demarcação de terras indígenas é composto por várias etapas, que vão desde a pesquisa sobre a viabilidade do local até chegar a regularização definitiva. No Rio Grande do Sul, até agora, mais de 108 mil hectares já foram estudados, com possibilidade de serem demarcados. Os números são equivalentes a 0,4% da área total do Estado.

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