Milho e soja impulsionam IGP de agosto

Alguns alimentos in natura, como tomate e mamão papaia, também registraram forte aceleração no mês

Fonte: Pixabay

As altas nos preços do milho e da soja foram as principais responsáveis pelo avanço de 0,43% do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) em agosto. Os produtos fazem parte do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva. Com alta de 0,50% ante a queda de 0,81% em julho, o IPA foi o único componente do IGP-DI que registrou aceleração na comparação mensal.

Segundo Salomão Quadros, superintendente-adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o milho teve 2,91% de alta em agosto após cair 9,26% em julho, e o minério de ferro, que também contribuiu para o aumento, passou de uma baixa de 6,14% para elevação de 6,71%. Quadros ainda explicou que a desaceleração na queda da soja, que caiu 5,67% após ter recuado 8,04% no mês anterior, também contribuiu para o aumento do índice.

“A virada do IPA foi puxada principalmente por esses três (milho, soja e minério de ferro), que pesam muito na cesta do índice e que mudaram muito”, afirmou o representante da FGV.

Alguns alimentos in natura também registraram forte aceleração no mês de agosto. O tomate saiu de um recuo de 14,55% para uma alta de 26,04%; o mamão papaia registrou elevação de 30,34% em agosto depois de queda de 30,14% em julho; e a batata-inglesa, que em julho registrara um recuo de 27,57%, no mês seguinte apontou uma queda menor (-14,37%). Segundo Quadros, essas variações nos alimentos in natura influenciaram não só o IPA, mas também o Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

“É importante olhar para os in natura porque também aparecem dentro do item ‘alimentação’ do IPC. Diferente do milho, da soja, que não influenciam diretamente”, afirmou. Ainda assim, Quadros destacou que uma alta no milho afeta outros produtos, já que o grão é usado, por exemplo, em rações de aves e bovinos.

O superintendente do Ibre/FGV ainda destacou que a aceleração nos preços de alguns alimentos foi tão grande que quase puxou a variação do IPC para cima ante julho. “A alimentação, sozinha, quase se contrapôs aos outros sete itens do IPC”, afirmou. No mês de agosto, o item variou 0,32% ante 0,37% em julho.