Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, problemas de seca no sul do país, e na Argentina, derrubaram projeções nas safras de soja e de milho para este ano. Estes produtos pararam de cair de preço e ajudaram a diminuir a intensidade da deflação no atacado (de -0,38% para -0,04%) de dezembro para janeiro.
– São produtos de peso no atacado – lembrou o especialista. Além disso, com a possibilidade de menor oferta de soja, chegou ao fim a queda de preços no farejo deste produto no atacado (de -4,17% para 4,67%), o que contribuiu ainda mais para a perda de força no recuo de preços atacadistas, 60% do total dos Índices Gerais de Preços (IGPs).
Para Quadros, o fenômeno de grãos mais caros não deve se sustentar por muito tempo. Ele lembrou que, atualmente, os preços de soja e milho são “globais”, ou seja, qualquer notícia sobre menor disponibilidade de oferta tem impacto mundial na inflação destas duas commodities. No entanto, após o mercado realizar seus ajustes com a nova magnitude da oferta, os preços devem parar de subir, na avaliação do especialista.
Os preços no atacado poderiam ter voltado ao terreno positivo, não fosse o comportamento de bovinos, cujos preços estão caindo no setor atacadista (de 2,23% para -3,14%). Isso, na prática, derrubou preços da carne bovina no atacado (-3,80%); e puxou para baixo a inflação da carne bovina no varejo (de 4,30% para 0,99%). Além disso, o preço do trigo continuou a cair no setor atacadista (-2,22%), o que diminuiu o avanço de preços em panificados e biscoitos no varejo (de 1,14% para 0,22%).
– As carnes e o trigo contribuíram para a manutenção da deflação no atacado, na segunda prévia – resumiu.