Com a unificação, a venda de produtos para outras cidades e Estados fica mais fácil, pois a inspeção é integrada. Ela envolve regras estabelecidas pelos governos federal, estadual e municipal, além de custar menos. Mas para passar pelo processo, é preciso que os Estados e municípios solicitem adesão ao sistema.
Para obter o Suasa é preciso se adequar a algumas normas e fazer investimentos. O trâmite é considerado burocrático, e alguns produtores preferem esperar por um sistema mais prático antes de expandir os negócios.
É o caso do produtor rural Adriano Wunsch. Há cinco anos a família dele produz salame, copa, linguiça e salsichão. Os produtos são vendidos somente no município onde moram, em Imigrantes, na região central do Rio Grande do Sul, pois ainda não conseguiram a certificação necessária. Para vender para outras regiões, só quando o cliente vai até sua propriedade.
? Nós só temos o municipal, não podemos levar para fora a não ser que o pessoal venha aqui, compre o produto e leva até em casa, aí eles fazem a pergunta: “por que não podem sair do município e vender se nós podemos vir até aqui comprar?”. Essa é a burocracia na qual estamos esbarrando ? disse Adriano Wunsch.
A cidade de Imigrantes não aderiu ao Suasa, por isso Adriano Wunsch não pode obter o sistema individualmente. E mesmo que a cidade já tivesse aderido, seriam necessárias algumas mudanças em sua propriedade, começando pela modernização do prédio.
? Hoje o pé direito tem três metros, pelo que eles estavam falando, tem que ter cinco. A área construída hoje é de 98 metros quadrados, mas precisaria passar de 200 metros, precisaria aumentar bastante, aí teríamos um gasto em torno R$ 60 mil para fazer toda a mudança, para aumentar o prédio e o nosso investimento ? falou Adriano Wunsch.
Para a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado (Fetag-RS), as regras atuais exigem investimentos altos e muita responsabilidade com encargos, o que acaba freando a adesão por parte dos municípios. Além disso, elas não são consideradas adequadas.
? Não há nada que diga que fazer que o tamanho da sala, das instalações, o tamanho do prédio, vá garantir qualidade, isso nos parece ser uma exigência que por si só não está garantindo nada. Nós precisamos, queremos e defendemos sempre que se prime pela qualidade. Agora, não é o tamanho do pé direito, mais ou menos azulejo que vai garantir essa qualidade ? observou Ségio Miranda, tesoureiro-geral da Fetag-RS.
A expectativa é que a o anúncio do Plano Safra da Agricultura Familiar traga mudanças.
? Agora a presidente Dilma sinalizou, no Grito da Terra, que quer simplificação. Nós estávamos esperando que isso viesse junto com o anúncio do Plano Safra. Como o anúncio foi adiado por motivos climáticos, nós esperamos que, quando ocorrer realmente o anúncio, também ocorra o anúncio dessa simplificação ? declarou Sérgio de Miranda.