Agricultores de Mato Grosso têm recorrido a “vaquinhas” para tapar buracos em estradas, conta Marcelo Paludo, de Sapezal (MT). Segundo ele, fatos como esse causam indignação ao setor produtivo, que não vê o imposto recolhido para o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) retornar à sociedade. Nesta quarta-feira, dia 15, mais de mil produtores tomaram as ruas da capital, Cuiabá, para protestar contra a cobrança sobre a produção de milho. O grupo, que responde por 50% da produção estadual de soja, também exige o aumento dos investimentos em logística.
Em janeiro deste ano, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, sancionou uma lei que ampliou o número de culturas que deveriam pagar o tributo. Para o milho, por exemplo, o produtor passou a pagar R$ 8,33 por tonelada que for vendida para outros estados e outros países. Isso equivale a R$ 0,50 por saca do cereal.
O produtor rural Ari Baltazar Langer, de Gaúcha do Norte (MT), diz que as rodovias estaduais de acesso ao município não são pavimentadas e estão em péssimas condições, o que se reflete diretamente no custo do frete. Além disso, o preço do diesel é outro dilema: R$ 4,46 por litro. “Com custos acima de 60 sacas por hectare, não fecha mais conta. Precisamos ter um gasto menor e um diesel mais barato”, afirma.
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O presidente do Sindicato Rural de Diamantino, José Cazeta, relata a situação geral do estado: “Você vê mais de meio bilhão de reais passado na Assembleia Legislativa, aproximadamente R$ 60 milhões para o Tribunal de Contas e Judiciário, enquanto hospitais públicos ficam onze meses sem receber; saúde arrebentada e o governo dizendo que não tem saída”, conta.
Antônio Galvan, presidente da Aprosoja-MT, espera que o governo entenda que não é o momento de cobrar mais impostos sobre o setor, especialmente em cima do milho. “E também que necessitamos dessa infraestrutura tão sonhada, tão falada e tão dita. Esperamos que o governador Mauro Mendes não venha ser mais um governador de promessas”, afirma.