Alta da Selic é inadequada e traz graves danos à indústria, diz CNI

Comitê de Política Monetária elevou taxa Selic em 0,25 ponto porcentualA Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, é inadequada. Isto, mesmo considerando-se que o ritmo de alta foi menor que nas duas vezes anteriores, que tiveram dosagens de 0,5 ponto percentual, cada.

Em nota, a CNI afirmou que o aumento da taxa para 12% ao ano “mostra uma perspectiva de combate ao aumento dos preços, centrada unicamente na política monetária, sem o peso devido da política fiscal”. Para a entidade, o uso da política monetária no controle da inflação concentra o ônus sobre o setor produtivo e encarece consideravelmente o investimento.

Mesmo a utilização de medidas macroprudenciais, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que afeta o custo do crédito, “tem efetividade limitada e prejudica a captação de recursos para a expansão das empresas”, de acordo com a CNI.

A confederação diz que a elevação da Selic aponta para um ciclo de aperto monetário com reflexos na valorização cambial e “graves danos à atividade produtiva”. Para a CNI, a política fiscal é subutilizada no controle da inflação e deveria ser prioritária para evitar uma alta sistemática dos preços.

“A experiência internacional mostrou, por diversas vezes, que o controle dos gastos públicos é mais eficiente e causa efeito mais rápido sobre o nível geral de preços do que a política monetária”, diz a nota.

Decisão

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou que a taxa básica de juros (Selic) para os próximos 45 dias será de 12% ao ano. A decisão foi tomada pelos diretores do BC na noite desta quarta, dia 20, com o objetivo de conter o processo de inflação, em evidência desde setembro do ano passado.

Em comunicado divulgado depois da reunião, o Copom explica que “dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu elevar a taxa Selic para 12% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pelo aumento da taxa Selic em 0,5 ponto percentual”.

O Copom adiantou também que “considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional” entendeu que, neste momento, “a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012.”

Foi o terceiro aumento da taxa Selic no ano. A taxa básica de juros terminou 2010 em 10,75% ao ano e está, agora, no nível mais alto desde janeiro de 2009, quando estava em 12,75%.

O reajuste dos juros é mais um instrumento que o governo tem para tentar controlar a inflação. Em dezembro do ano passado, a tentativa de fazer a inflação baixar começou quando o BC aumentou o compulsório bancário, retirando cerca de R$ 61 bilhões de circulação, com o objetivo de reduzir o crédito e o consumo no mercado doméstico. Além disso, o BC exigiu também que os bancos disponibilizassem mais capital próprio como seguro nos empréstimos de longo prazo.

Foi a terceira reunião do comitê que reúne os diretores do BC sob o comando de Alexandre Tombini na instituição, e do governo de Dilma Rousseff. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias sete e oito de junho.