A estimativa do sindicato é que dos 8,5 mil trabalhadores 25% fiquem sem emprego neste ano.
Neste mesmo período de 2010, a safrista Tereza dos Santos já trabalhava no processamento do fumo. Agora a santa-cruzense espera todos os dias pelo chamado de uma fumageira.
? Mas eles avisaram que a gente pode procurar outro emprego, se tiver, então é porque não pretendem chamar mesmo ? reclama Tereza.
Do total produzido nesta safra, até o momento cerca de 30% do fumo foi repassado às indústrias ? ante 40% de 2010. Com menos tabaco para ser processado, conforme o presidente do Stifa, Sérgio Pacheco, as indústrias têm reduzido os turnos de trabalho:
? As que operavam em três turnos estão apenas com dois. Entendemos que é justo os produtores segurarem a venda do tabaco, mas para os safristas é um momento difícil. As empresas estão retraídas, não estão contratando.
Para o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider, um dos motivos que também afeta a contratação de safristas é a dificuldade de exportação.
Além da taxa cambial desfavorável, que tem deixado o tabaco brasileiro mais caro, a concorrência de países como o Zimbábue, principal adversário do Brasil na venda do produto, é outro motivo que tem dificultado o aumento dos volumes de exportação.
Procurado, o Sindicato Interestadual das Indústrias do Tabaco (Sinditabaco) afirmou que não realiza levantamentos sobre o número de funcionários admitidos pelas empresas, por isso não se manifesta sobre as contratações.
No início da semana, os fumicultores decidiram pela formação de uma comissão para acompanhar a venda do tabaco diariamente. Um dos motivos para a demora na comercialização do produto, segundo os agricultores, é a rigidez da indústria no momento da classificação do produto.
Devido ao excesso de oferta produzido em uma supersafra, as empresas estariam mais exigentes na hora de classificar o fumo.