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Carlos Minc completa cem dias à frente do Ministério do Meio Ambiente

Despojado e pragmático, ministro virou manchete em todo o paísEm pouco o tempo, o carioca de estilo despojado roubou a cena na Esplanada dos Ministérios e virou manchete nos principais jornais do país. Pragmático, fez acordos com a bancada ruralista e anunciou novas ações para o combate ao desmatamento. Em mais de três meses, alcançou a cifra de R$ 1 bilhão em aplicação de multas. Ele também determinou a caça ao boi pirata, a operação Arco de Fogo ? que fechou madeireiras ilegais no norte do país ? e, em seguida, suspendeu o crédito rural para agricultores

? E aviso os piratas donos dos bois: tirem os seus bois das unidades de conservação, porque a Operação Boi Pirata vai continuar ? afirma o ministro do Meio Ambiente.

Os produtores rurais reclamaram do decreto que tornou mais rígida a Lei de Crimes Ambientais. O ministro, mais uma vez, negociou e prometeu rever alguns artigos como o que determina 180 dias para o registro de áreas de reserva legal que devem ter a vegetação recomposta.

? O ministro está ouvindo o setor, abriu um diálogo. Esse diálogo não existia até então. O Ministério do Meio Ambiente, na gestão anterior, nunca quis discutir as questões de ajustes da legislação brasileira, entendendo que o país tinha a melhor legislação do mundo e isso prejudica o setor e não garante proteção ambiental ? afirma Rodrigo Brito, assessor técnico da Comissão de Meio Ambiente da CNA.

A busca por acordos com setor surpreendeu a bancada ruralista.

? A nós surpreendeu positivamente, porque ele é uma pessoa de diálogo e, se ele conseguir botar em prática, havendo diálogo com a área de preservação ambiental. Ou seja, com os ambientalistas, afinando esse diálogo com quem trabalha na defesa da produção, buscando o equilíbrio se ele cumprir essa etapa ele vai dar uma grande contribuição para o país ? explica o deputado Odacir Zonta (PP-SC).

Apesar de todo o otimismo, alguns ruralistas ainda preferem manter a cautela.

? Nós estamos ainda no discurso. Nós precisamos ver no papel. Enquanto isso não começa a gente fica. A gente fica com o pé atrás para nós podermos realmente ter a certeza de que essa boa vontade não fique só na teoria e ela vá para a prática o mais rápido possível ? comenta o deputado Marcos Montes (DEM-MG).

As atitudes do ministro têm surpreendido principalmente antigos aliados. Os ambientalistas vêem com preocupação a proximidade entre Carlos Minc e o setor agropecuário.

? Contrariando a expectativa inicial, desde que assumiu o cargo, passou a celebrar acordos bastante estranhos e prejudiciais ao meio ambiente que vão na linha de quebrar toda a flexibilização, toda a legislação ambiental do país, sinalizando que todas as nossas leis serão mudadas para permitir, por exemplo, que haja produção na área agrícola sem os cuidados que eles exigem ? afirma Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace.

? Foram dias com resultados concretos importantes, medidas necessárias, que estavam sendo trabalhadas há um bom tempo, foram concretizadas. Porém aumenta e a cada dia aumenta mais o conflito. Eu espero que o conflito, essa reação ? a ação do próprio governo de conservação ? seja mantida sob controle para que não haja retrocessos ? diz João Paulo Capobianco, ex-secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente.

Apesar de todas as pressões, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, não parece estar disposto a mudar de postura.

? O boi pirata é apenas um exemplo que toda impunidade será castigada.

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