Na região do Vale do Paraíba, que concentra a maior parte da produção no Estado, produtores demonstram inclinação a migrar para outras culturas, como milho e cana-de-açúcar. Segundo o diretor regional da Cati Guaratinguetá, instituição do governo estadual presta assistência aos agricultores, Jovino Paulo Ferreira Neto, a insatisfação do setor é crescente.
– Existe hoje uma insatisfação, porque os produtores estão com um custo de produção muito próximo do preço que eles estão conseguindo pelo produto no mercado. Ou trabalham no prejuízo ou em uma situação de empate. Dificilmente, nesses últimos três anos, houve ganho suficiente para ter uma expectativa de permanecer na atividade – explica.
O escritório da entidade na região atende 18 municípios do Vale do Paraíba. Neto afirma que a cultura passa por um momento crítico e que 2012 deve ser um ano decisivo para a atividade. Ele acrescenta que mudar pode ser mais difícil do que permanecer no cultivo do grão.
– Agronomicamente, existe a possibilidade, mas os produtores, se forem fazer essas mudanças, eles vão precisar fazer transformações de ocupação, de máquinas, de manejo. Além disso, precisam se organizar para que esses produtos tenham mercado e eu acho que é por isso que o arroz ainda se mantém. Porque existe tradição, conhecimento, sistema operacional garantido, equipamentos – aponta.
Na propriedade de Amauri Gadioli, em Roseira, 40% dos 350 hectares plantados com arroz na safra 2011/2012 já foram colhidos. A expectativa de produtividade é de 5,5 mil toneladas por hectare. Na safra passada, foram plantados 410 hectares e a produtividade chegou perto de sete toneladas por hectare. Gadioli explica que reduziu a área, porque o resultado da safra passada não foi bom.
– Tivemos no ano passado uma safra, acho que recorde, boa em produtividade. Em contrapartida, teve preços muito baixos, o custo do ano passado, com o que nós colhemos, não supriu o que queríamos fazer neste ano. Tivemos que reduzir um pouquinho – diz.
Para esta safra, o produtor afirma não esperar um resultado melhor. Por causa de problemas com o clima, sua produção deve ter uma quebra de 20%. O custo, que tem ficado acima de R$ 30 por saca, com aumento de 10%. Já o preço tem variado entre R$ 26 e R$ 29 a saca, dependendo da qualidade do arroz colhido.
Gadioli relata que deve reduzir pela metade a lavoura de arroz. Em uma parte, já está plantando milho e, em outra, pretende cultivar cana-de-açúcar.
– Estamos enxergando um futuro melhor. O milho está no mercado internacional com um preço bom. Na cana, o álcool também está com preço bom, então vamos tentar – conta.
A expectativa de queda na produção de arroz de São Paulo acompanha a situação nacional. Segundo o mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada na safra 2011/2012 deve ter uma redução de 9,5%, ficando pouco acima de R$ 2,5 milhões. A produção deve cair 15,8% e fechar em 11,46 mil toneladas.