Dívidas da agricultura familiar preocupam governo do Paraná

Índice de inadimplência supera os 4%O índice de inadimplência dos pequenos agricultores acendeu a luz vermelha no Banco do Brasil, instituição financeira que aplica os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na Agricultura Familiar. De meados do ano passado para cá as dívidas somam R$ 65 milhões, o que corresponde a 4,14% do total de empréstimos. Esse índice representa mais do que o dobro do tolerado pela instituição, que é até 2%.

Preocupados com essa situação, o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Valter Bianchini, e o superintendente do Banco do Brasil no Paraná, Danilo Angst, promoveram uma reunião na Emater-PR com prefeitos, secretários de agricultura dos municípios, representantes de sindicatos dos trabalhadores na agricultura para encontrarem uma solução para a elevada inadimplência.

Participaram do encontro o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Paraná, Reni Denardi, o presidente em exercício da Emater-PR, Carlos Biasi, o deputado estadual Elton Welter (PT), o diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), Aristeu Ribeiro e a prefeita de Santa Mariana Maria Aparecida Souza Lima Bassi, representando os prefeitos do Estado.

A dívida elevada pode comprometer a concessão de novos empréstimos, o que pode prejudicar a produção e os investimentos da Agricultura Familiar, alertou Bianchini. O superintendente do Banco do Brasil, acompanhado da diretoria do Banco, fez um apelo aos prefeitos, secretários e representantes dos sindicatos. Pediu para que contatem os devedores e que sejam orientados a renegociarem suas dívidas junto às agências bancárias. Segundo Angst, todos os débitos podem ser renegociados e até prorrogados para atingir o objetivo que é o resgate do crédito para a Agricultura Familiar.

As taxas de juros da renegociação permanecem as mesmas do Pronaf. Nos financiamentos de custeio elas variam de 3% a 5,5% e de investimentos varia de 2% a 5,5%.

O temor é que um agravamento dessa situação possa levar à extinção dos empréstimos do Pronaf, um mecanismo que vem promovendo a realização dos projetos de produção e de investimentos na pequena propriedade. Segundo Bianchini, o Pronaf é resultado de conquista da Agricultura Familiar nos últimos 10 anos e é imprescindível reduzir o índice de inadimplência para que o banco possa continuar emprestando para os pequenos agricultores.

Segundo Denardi, o Pronaf aumentou as aplicações no Paraná de um total de R$ 300 milhões na safra 2002/2003 para acima de R$ 1 bilhão atualmente. Para que esses recursos sejam aplicados com juros baixos ao produtor rural, o programa utiliza recursos do Tesouro Federal, que já embute subsídios, e foi concebido para o banco operar com uma margem mínima nas operações bancárias, disse Angst do BB.

? A contrapartida do beneficiário é pagar as contas em dia e a inadimplência não pode ficar acima de 2% porque o banco passa a operar com déficit ? acrescentou.