? O manejo mais adotado é o pastejo intensivo sem reposição de nutrientes. Como consequência, a produção de pasto é muito baixa e cessa nos meses de outono e inverno, tornando esse sistema pouco interessante sob a ótica econômica ? explica engenheira-agrônoma da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Estação Experimental de Canoinhas), Ana Lúcia Hanisch.
Com o objetivo de utilizar esse bioma de forma racional e sustentável, garantindo a preservação das áreas, a Epagri pesquisa alternativas para aumentar a produtividade das pastagens em caívas. Os trabalhos envolvem melhoria da qualidade do solo, sobressemeadura e pastoreio rotativo. As técnicas possibilitam elevar a oferta de forragem e o período de utilização da área, com aumento médio de dois mil litros de leite por ano. Para melhorar a produção de pasto consorciada com a erva-mate, os pesquisadores também estudam a adubação com cinza calcítica (produto da indústria de celulose) associada ao fosfato natural.
As caívas têm estrato herbáceo composto por pastagens nativas ou naturalizadas, extensivamente pastejadas. Elas abrigam espécies como araucária, erva mate, imbuia, canela, guamirim, branquilho e várias frutíferas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que a área ocupada por caívas no planalto norte catarinense seja de aproximadamente 70 mil hectares.
Mais pasto no inverno
Para garantir forragem em boa quantidade nas caívas durante o inverno, os pesquisadores recomendam que se faça a sobressemeadura em abril.
? A técnica prevê a semeadura de pastagens anuais de inverno como azevém, ervilhaca e trevo branco sobre as pastagens perenes de verão ou sobre os potreiros, sem o uso de máquinas ou arados ? explica.
A engenheira-agrônoma Ana Lúcia, também faz algumas recomendações:
– A pastagem deve estar bem rebaixada, com cinco a dez centímetros de altura.
– Antes de semear, aplique na área uma quantidade moderada de adubo. Os estudos da Epagri têm sido realizados com cama de aviário, calcário e fosfato natural. A adubação pode ser substituída por adubos formulados ou outras fontes de matéria orgânica, como esterco líquido de suíno ou, ainda, deixando o rebanho dormir por vários dias na área. Outra opção é a cinza calcítica.
– O solo deve estar úmido. Uma boa técnica é sobressemear logo após a chuva.
– Use as quantidades certas de semente: 20 a 30kg por hectare de azevém, 30kg por hectare de ervilhaca e um a dois quilos por hectare de trevo branco inoculado.
– Após a semeadura, deixe os animais entrarem na área para que enterrem as sementes com o pisoteio.
– Feche a área por no mínimo 70 dias para que as sementes germinem e se desenvolvam. O ideal é dividi-la em piquetes para prolongar a qualidade do pasto.