Pecuarista há 12 anos, Luís Carlos Dauria Nunes, com fazenda na localidade de Cerro Chato, em Santana do Livramento, já vendeu 130 rezes e planeja se desfazer de ainda mais cabeças.
? Estou vendendo ventres que deveriam estar sendo cobertas ou que estão com cria ao pé. Isso prejudica nosso planejamento de aumentar o rebanho. Foram anos investindo em genética para acabar vendendo os animais ? observa Nunes, acrescentando que a pastagem em seus campos está completamente seca, impedindo a engorda dos animais.
Uma empresa que promove leilões de bovinos quinzenalmente em Santana do Livramento já registra aumento da quantidade de animais em oferta. O diretor do estabelecimento, Antônio Cláudio Laborthe, comenta que antes da seca, eram colocados em pista cerca de 300 animais. Agora, o número pulou para 500.
? Amanhã (hoje) temos um leilão com quase o dobro de oferta e estamos temerosos não só com os preços, mas com a própria venda. Uma esperança são os compradores que vêm de fora, onde a seca não está castigando tanto ? diz Laborthe.
O presidente do Sindicato Rural de Uruguaiana, Júlio Silveira, também confirma a manobra adotada pelos pecuaristas para tentar escapar dos prejuízos da estiagem:
? Os campos estão muito secos e não há previsão de chuva. Em Uruguaiana, o pessoal está dividido, alguns já começaram a vender, outros estão aguardando um pouco mais na esperança que chova.
Ainda que os produtores da região estejam contabilizando prejuízos, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) acredita que o problema é isolado.
? Existe o problema da queda nos preços, mas em função da crise mundial. A seca está deixando, sim, o gado mais leve. Mas neste período, isso é normal. Se há problemas, são localizados ? garante o vice-presidente da entidade, Gedeão Pereira.