Etanol mais caro faz usina flex reduzir milho na produção em Mato Grosso

Usimat pretendia usar nesta safra um volume maior de cereais para produzir o combustível, além da cana-de-açúcarA alta dos preços do milho, impulsionada pela estiagem que provocou forte queda na produção de grãos nos Estados Unidos, frustrou os planos da Destilaria Usimat, a primeira usina flex de etanol do Brasil. Localizada em Campos de Júlio, a 553 quilômetros a noroeste de Cuiabá, a Usimat pretendia usar nesta safra um volume maior de cereais para produzir o combustível, além da cana-de-açúcar. O projeto precisou ser reavaliado e em vez das 100 mil toneladas previstas inicialmente a empresa processará

Sérgio Barbieri, diretor da Usimat, explica que a expectativa para este ano, em função da colheita de uma safra recorde de 15 milhões de toneladas de milho em Mato Grosso, era que os preços do cereal nesta época na região noroeste do Estado estivessem em R$ 14,00 a saca, abaixo dos atuais R$ 20,00 a saca. Barbieri afirma que a alta de preços do milho apenas adiou a utilização plena da usina, que neste ano dobrou sua capacidade diária para processar 900 toneladas de cereais, com investimentos próprios da ordem de R$ 30 milhões.

A adaptação da usina para processamento do milho ocorreu na parte de recepção e moagem da matéria-prima, com aproveitamento de outros equipamentos, como caldeiras para geração de energia térmica, colunas de fermentação e destilação, além dos tanques para estocagem do etanol. Barbieri lembra que quando a ideia da usina flex surgiu, em 2008, em conversas com Glauber Silveira, produtor rural em Campos de Júlio e então presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja/MT), a saca de milho na região era vendida a R$ 7,50.

– Era mais barato do que um lanche de fast food. A gente imaginava entrar em uma lanchonete com uma saca 60 quilos de milho para trocar por um sanduíche, que custava R$ 7,80.

A Usimat nesta safra produzirá 53 milhões de litros de etanol, em partes iguais de etanol e anidro, que serão comercializados no Mato Grosso e nos Estados da Amazônia. A produtividade média dos canaviais aumentou 7% nesta safra, para 66 quilos por hectare. Ele explica que a usina tem um único fornecedor, que é sócio da empresa. Hoje o preço da cana está em R$ 80,00 a tonelada. Levando em conta os preços e os rendimentos industriais (85 litros por tonelada de cana e 365,5 litros por tonelada de milho), o custo do litro do etanol de milho é de R$ 1,23 e o de cana, de R$ 1,13. O cálculo não considera os ganhos com a venda do farelo de milho resultante da destilação, que tem alto teor de proteínas.

O executivo reconhece que o empreendimento é modesto, sem forças para influenciar as cotações no mercado mato-grossense de milho, mas observa que, além de estender a produção de etanol por 11 meses, ante os seis meses de processamento da safra da cana, a usina representa uma alternativa para os agricultores nos momentos de excesso de oferta do cereal e depressão nos preços.