EUA descumprem acordo sobre importação de carne suína de SC e Brasil pode retaliar

Interesse dos produtores não se resumia ao mercado americano, mas também aos países que seguem os EUA na área de controle sanitárioOs Estados Unidos ficaram vulneráveis a retaliações comerciais por parte do Brasil. Em reunião de avaliação do acordo pelo qual o governo brasileiro suspendeu as sanções sobre bens e patentes americanos, a Representação do Comércio e o Departamento de Agricultura informaram à delegação brasileira que não foi possível cumprir a promessa de liberar a importação de carne suína de Santa Catarina.

Dispuseram-se, porém, a contornar a situação nos próximos dias. Os ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) têm reunião em 17 de novembro, mas podem determinar as retaliações por teleconferência a qualquer momento.

? Há uma circunstância política e um acordo bilateral a ser cumprido. Quanto mais vaga for a posição dos EUA (sobre a carne suína), maior será o incentivo para que o Brasil decida-se contra os interesses americanos ? disse Roberto Azevêdo, embaixador em Genebra e chefe da delegação brasileira na reunião de quarta.

A decisão americana gerou um problema sério para a continuidade do acordo, firmado em junho, com o objetivo de suspender as retaliações do Brasil. O direito de sancionar os EUA fora conquistado pelo país na Organização Mundial do Comércio (OMC) após oito anos de controvérsia sobre os subsídios do governo americano ao seu setor de algodão. Além de duas questões exclusivas ao caso do algodão, os EUA assumiram os compromissos de certificar Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação e de estender esse status à região Centro-Oeste.

Após o acordo, o subsecretário para Marketing e Programas Regulatórios do USDA, Edward Avalos, enviou carta ao Itamaraty prometendo a emissão da certificação até o fim de setembro. O prazo não foi cumprido. O governo e o setor privado brasileiros esperavam que o atraso fosse contornado. No caso dos produtores, o interesse não se resumia ao mercado americano. Mas, sobretudo, ao fato de que países com alto consumo de carne suína, como Japão e Coreia do Sul, seguem os EUA na área de controle sanitário.