Este ano, o milho cobre 1,7 milhão de hectares de solo paranaense, 25% a mais em relação ao inverno passado. Problemas com o trigo levaram boa parte dos produtores a migrar para a cultura que está com preço atraente. Mas no Norte e no Oeste, principais regiões produtoras, não chove há mais de um mês. Com 900 hectares de milho e R$ 1,3 mil investidos em cada um, o agricultor Antonio Perucci, de Cambé, norte do Estado, já calcula possíveis perdas.
? A gente fez um investimento para produzir 130 sacas por hectare. Agora a gente já vê uma perda de 10%. Devemos colher cerca de 115 sacas por hectare. Isso se chover logo, senão a perda ainda é maior ? disse Antonio.
As folhas murchas das plantas mais jovens revelam o prejuízo. 38% das lavouras estão em floração e 50% em frutificação, mas o milho é cultura exigente por água em todos os estágios, por isso o setor produtivo está atento ao clima.
Nem o departamento de economia rural, nem a Ocepar tem ainda uma estatística formal sobre perdas mais graves no Estado. O levantamento de maio da Secretaria de Agricultura apontou 1,5% em perdas. Mas, conforme o relevo, a tecnologia investida pelo produtor e o manejo, o prejuízo com essa estiagem pode atingir até 50% das lavouras de milho do Paraná.
Antes da seca a estimativa de colheita do milho de inverno paranaense era de sete milhões de toneladas. Para a Ocepar, é cedo para arriscar um índice de perdas, mas se não chover logo, o reflexo da perda de milho vai ser sentido por outros setores.
? É uma consequência, é um efeito dominó. Hoje nós temos um estoque mundial muito baixo. O milho safrinha, o milho que plantamos nessa época, é significativo e isso vai impactar como uma consequência dessa perda de produção ? observou Carlos Murate, diretor da Ocepar.