O principal problema, explica Oliveira, é o marco regulatório dos Estados Unidos. Segundo o diretor da Abiec, a legislação inclui medidas que não estão previstas nos principais acordos internacionais.
– Por exemplo, a análise do impacto comercial (das importações) sobre o pequeno produtor americano, enquanto as regras internacionais prevêem a análise do risco sanitário
Para Luiz Carlos de Oliveira, o governo americano é protecionista e receia a competitividade do Brasil. Sobre iniciativas de marketing para defender o produto brasileiro no Exterior, ele afirma que elas já vêm sendo feitas, mas recomenda cautela, pois uma campanha agressiva poderia espantar a clientela.
Obama ou McCain?
Questionado sobre qual candidato à presidência dos Estados Unidos teria um programa de governo mais favorável às relações com o Brasil, Luiz Carlos de Oliveira evitou manifestar preferência. Diplomático, defendeu apenas que o eleito acabe com o protecionismo e aplique de forma correta as regras do mercado internacional.
– Somos totalmente contra a aplicação de subsídios, que distorcem o comércio internacional. Somos a favor da justiça comercial, que não olhe para a América do Sul como um submundo. Temos de combater as propagandas negativas.
Outros representantes do setor que participaram da Feicorte, em São Paulo, também evitaram manifestar expectativas, seja em relação ao democrata Barak Obama, seja sobre o republicano John McCain. O diretor da Feicorte, Décio Ribeiro dos Santos, acredita que quem vai ditar a regra será o mercado.
– Acredito na lei da oferta e da procura. No momento certo, o Brasil vai vender para os Estados Unidos e para qualquer parte do mundo.
O diretor do Frigorífico Independência, Miguel Graziano Russo, disse que uma análise mais detalhada só pode ser feita a partir de um amplo conhecimento das propostas dos dois candidatos. De qualquer forma, revela otimismo nas relações Brasil-Estados Unidos, independente de quem seja o eleito.
– Há fatores que vão fazer com que os líderes americanos repensem a forma como fomos tratados até agora. Tanto o lado democrata quanto o republicano vão rever a forma de analisar a parceria com o Brasil.
Russo condiciona a conquista do mercado dos Estados Unidos à organização do sistema sanitário brasileiro e à certificação, com base na abertura de mercados reconhecidos pelos americanos. O diretor da Agropecuária Jacarezinho, Ian David Hill, discorda, ressaltando o nível de exigência americano e as deficiências brasileiras na questão da sanidade animal.
– Não vai mudar as regras só por uma mudança de governo. Eu acho que o Brasil não tem de ficar criando esperanças. Se já tem um mercado na mão (União Européia) e não conseguiu atender, querendo o mercado americano, está desviando o foco.