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Lérida Pavanello luta pelos direitos das trabalhadoras rurais e vira destaque no sul do país

Produtora e sindicalista é a primeira mulher apresentada em série especial nesta semanaUm grupo de funcionárias de uma fábrica de tecidos morreu queimado quando ameaçava entrar em greve para diminuir a jornada de trabalho nos Estados Unidos. Isso foi há mais de 150 anos, num dia 8 de março. A data passou a ser lembrada no mundo inteiro como o Dia Internacional da Mulher, e a luta pelos direitos das trabalhadoras continua atual tanto na cidade quanto no campo. É o que mostra a primeira reportagem de uma série especial que o Canal Rural exibe esta semana.

Canal Rural prepara homenagem às mulheres. Saiba mais 

Uma mulher que sobe o palanque e fala no microfone. Uma mulher que colhe mandioca na lavoura. Uma mulher que defende os direitos dos trabalhadores. Uma mulher que faz rapadurinha de amendoim. No escritório, em um banquinho no pátio de casa, o que estas mulheres têm em comum? Tudo, pois não são várias mulheres: elas são a mesma pessoa.

Lérida Pivoto Pavanello teve uma missão difícil na semana passada. Ela deixou o cargo de coordenadora estadual das Mulheres Trabalhadoras Rurais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).

? Isso não é uma despedida, é um até logo, até breve. Porque as pedras rolam e nós vamos nos encontrar por aí com certeza ? disse ela.

Não é uma simples promessa. Lérida deve voltar ao auditório da Fetag porque abraçou esta causa.

? O movimento sindical nesses últimos 10 anos fez parte da minha vida. Mas eu nunca deixei de ser uma trabalhadora rural, porque é isso que mobiliza a gente, né? É isso que faz com que a gente tenha vontade de trabalhar e de lutar pelos problemas sentidos e vividos da nossa categoria ? afirmou Lérida, e completou:

? No início do movimento sindical, o sindicato era apenas de homens. E hoje a gente sabe que as mulheres não apenas são as sócias do sindicato, como também fazem parte da diretoria.

Lérida ocupou o cargo da Fetag durante quatro anos. Como a sede é em Porto Alegre, ela ficava longe da família, que vive em Santiago, a 450 quilômetros da capital do Rio Grande do Sul.

? E eu voltava pra lá pra ajudar eles no final de semana, né, porque a gente tem uma atividade bem diversificada e precisa muito de mão-de-obra em casa ? contou.

Na propriedade da família, Lérida bota a mão na massa, na terra, não foge do trabalho pesado. Os Pavanello têm uma agroindústria onde fazem rapadurinha de abóbora, leite e amendoim, além de produtos derivados de carne suína. Depois, tudo é vendido na feira do município.

? Tudo é possível na nossa vida quando a gente tem determinação, vontade, coragem e fé. Tudo que a gente se propõe a fazer a gente consegue. Então, é muito importante que as mulheres se desacomodem, que comecem a participar da organização dos sindicatos, que comecem a participar nas comunidades, para que elas possam ser vistas como uma liderança forte e atuante e também para que elas possam estar levando mais otimismo para aquelas mulheres que estão nas propriedades e que ainda não despertaram a consciência da participação.

Os últimos dias da produtora rural foram de despedida. Ela deixou a sala onde trabalhava em Porto Alegre e os amigos que fez em quatro anos de Fetag. O marido Ricardo Pavanelo não disfarçou a felicidade:

? Fez muita falta lá pra nós, pro município. Mas tava aqui por uma boa causa. Aprendeu muito, foi muito bom pra ela. Evoluiu bastante. Está bem preparada para assumir Santiago, lá, o sindicato.

É isso mesmo. Lérida foi eleita presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município onde vive. A primeira mulher a ocupar o cargo.

? Eu vejo que vai ser também uma correria na minha vida esses próximos quatro anos, nos quais eu vou estar à frente da presidência do sindicato. Não vamos ter moleza, não ? afirmou Lérida.

Mas ninguém mais duvida do que ela é capaz…

 

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