Por causa do clima, as sementes amadureceram quase um mês antes do normal, no fim de março. Quando a colheita começou oficialmente, em 15 de abril, muito pinhão já havia sido perdido.
Explica-se: as pinhas caíram das araucárias, mas, conforme legislações federais, nem mesmo o pinhão maduro no chão pode ser colhido, transportado e comercializado antes de 15 de abril. Por outro lado, esperar passar a data para recolhê-lo tornou-se inviável porque a semente tem um prazo de validade máximo de dois meses entre a colheita e o consumo.
Na teoria, a colheita menor significaria preços maiores. Mas não é o que está acontecendo. Mais de um mês após o início da safra, a procura por pinhão ainda é pequena. O frio ainda não chegou com força e o consumo da semente está diretamente associado às baixas temperaturas.
No ano passado, o agricultor Jovani Silveira de Souza, morador da localidade de Morro do Susto, em Urupema, colheu aproximadamente 500 quilos de pinhão em uma área de cinco hectares. Jovani faturou entre R$ 1,50 e R$ 2 por quilo, mas o preço chegou a alcançar R$ 3 no fim da colheita, quando a oferta já era bem reduzida. O agricultor lucrou R$ 1,3 mil, dinheiro suficiente para pagar as despesas da casa e a alimentação dele e da mulher por seis meses.
? Este ano, não estou conseguindo mais do que R$ 0,80 por quilo. Mas não posso parar de colher pinhão, porque não tenho custo nenhum, apesar de dar trabalho subir nas araucárias para derrubar as pinhas ? afirma o agricultor. ? Até uns quatro anos atrás, eu produzia maçã e batata, mas como só estava tendo prejuízo, parei de plantar. Hoje o pinhão é minha principal fonte de renda, somado aos bicos que faço como carpinteiro na construção civil.
O menor preço que Jovani recebeu em 2009 (R$ 1,50 por quilo) é o que os consumidores estão pagando nos supermercados da região este ano.