O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) enviou nesta quinta-feira, 11, um ofício negando a possibilidade de alteração nas datas de semeadura do milho segunda safra para as entidades e governos estaduais que haviam solicitado a prorrogação.
Em nota técnica anexada ao ofício, o ministério informou que o setor “alega que o atraso no plano e o alongamento do ciclo da soja, provocado por questões climáticas, não está permitindo que o milho de segunda safra seja semeado dentro da janela indicada no Zarc [Zoneamento Agrícola de Risco Climático]”.
No entanto, a pasta informa que a extensão da janela de plantio não é possível. “Considerando as atualizações metodológicas incorporadas no estudo de Zarc de 2020, as correções na duração de ciclos, que estavam inadequados para algumas regiões e épocas, os riscos envolvidos e as implicações nos contratos de Proagro e PSR, e a Portaria Nº 412, informamos não ser possível realizar alterações nos resultados vigentes, impossibilitando, dessa forma, qualquer alteração das janelas de plano nas portarias de Zarc do milho 2ª safra”.
Nesta quinta, o ministério também definiu o cronograma de realização de estudos e publicações das portarias de Zarc para o ano de 2021. O Mapa solicitou à Embrapa uma nova mudança metodológica no Zarc do milho de 2ª safra, que será apresentada ao Banco Central e para as seguradoras no primeiro semestre de 2021 como proposta para a safra 2022. Essa ação do Mapa se insere no esforço do governo para estimular o plantio do milho, tendo em vista a situação de oferta e demanda bastante ajustada prevista para o produto na próxima safra.
“Consiste na inclusão de mais um nível de risco nos estudos, o de 50%. Atualmente os níveis de risco são de 20%, 30% e 40%. Isso deverá proporcionar um aumento nas janelas de plantio, que pode fomentar a geração de novos produtos de seguro e Proagro, mas dependem de avaliação e aceite desse novo risco pelos agentes”, explica o diretor do departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pedro Loyola.
Loyola informou ao Canal Rural que foi montado um grupo de trabalho integrado por representantes do Banco Central, Tesouro Nacional, Ministério da Economia e Embrapa para acompanhar a proposta de criação da nova faixa de risco. A previsão é de que a Embrapa finalize a primeira etapa do estudo no final de abril e, a partir daí, o debate se concretize. Na próxima semana, Loyola deve se reunir com seguradoras e resseguradoras para sentir o apetite do setor privado em oferecer novos produtos com risco de 50%.
Confira a Nota Técnica:
Zarc 2021
A Embrapa, responsável pela elaboração dos estudos de Zarc, irá executar o processamento e atualização de zoneamentos previstos para 2021 conforme esse cronograma. Neste ano, a etapa final de apresentação dos resultados para avaliação e validação continuará sendo realizada por teleconferência. O cronograma de reuniões de validação será divulgado em breve no site do Mapa.
Os serviços, que envolvem desde o estabelecimento da metodologia e aplicação da modelagem até o recebimento de informações de cultivares e publicação no Diário Oficial da União continuam, em 2021, sendo realizados de forma remota por meio de sistemas de informação.
“A previsibilidade na publicação das portarias é fundamental para manter as contratações de crédito rural e para enquadramento no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e acesso ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), logo, essenciais para a produção e abastecimento de alimentos”, explica o Diretor do Departamento de Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Mapa, Pedro Loyola.
O sistema de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (SISZarc), ferramenta que recebe e compila as cultivares recomendadas ao plantio em cada região do país, está em pleno funcionamento para que os obtentores/mantenedores façam as inclusões de cultivares para a safra 2021/2022.
As portarias de Zarc serão confeccionadas pela Secretaria de Política Agrícola e publicadas no Diário Oficial da União e os resultados ficarão disponíveis no painel de indicação de riscos, e no aplicativo “Zarc – Plantio Certo”. As demandas e sugestões do setor produtivo podem ser enviadas para o e-mail zoneamento@agricultura.gov.br
Desde 2019, a partir do convênio firmado entre a Embrapa e o Banco Central do Brasil, o Zarc vem se ampliando e modernizando. Um exemplo é a cultura do milho de 2ª safra. A partir da revisão do zoneamento realizada em 2020, com a aplicação de uma metodologia inovadora, o Zarc identificou as especificidades das condições térmicas, que variam conforme a região e a época de plantio, e o impacto que isso tem na fenologia do milho e na duração dos ciclos. Como resultado, após a validação pelo setor produtivo, o novo Zoneamento foi divulgado em setembro de 2020 com a inclusão de municípios e, em certos casos, janelas de plantio mais aderente com as realidades regionais.
Novos estudos
Neste exercício, as seguintes culturas terão novos estudos de Zarc: girassol, maracujá, sorgo forrageiro, maçã, pêssego, canola, abacaxi, grão de bico e café, além de citros, que foi estudado ano passado e teve validação terminada em janeiro de 2021, e publicação prevista até abril.
“O ideal é atualizar o Zarc de cada cultura a cada quatro ou cinco anos a fim de incluir os dados meteorológicos mais recentes e eventuais mudanças na frequência e intensidade de adversidades climáticas. Também é necessário ajustar a metodologia para refletir os avanços da tecnologia e manejo nos sistemas de produção. O Zarc é a melhor informação disponível em escala nacional sobre riscos agroclimáticos. São mais de 40 culturas contempladas, cujos resultados servem para orientar produtores e técnicos na busca de estratégias para evitar ou mitigar perdas de produção”, esclarece Eduardo Monteiro, pesquisador da Embrapa.
Novidade bastante aguardada para o ano de 2021, o zoneamento de produtividade – ZarcPRO – para o milho, soja e cana-de-açúcar, também terá seus primeiros resultados divulgados no segundo semestre deste ano. Todas as culturas passarão por estudo técnico pela Embrapa, com a utilização de novas bases climáticas e metodologias aperfeiçoadas.
Zarc
Os agricultores que seguem as recomendações do Zarc estão menos sujeitos aos riscos climáticos e poderão ser beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Subvenção ao prêmio do Seguro Rural (PSR). Muitos agentes financeiros só permitem o acesso ao crédito rural para cultivos em áreas zoneadas e para o plantio de cultivares indicadas nas portarias de zoneamento.