O conhecimento sobre as paredes celulares é considerado fundamental para viabilizar o etanol de celulose, visto como o grande salto tecnológico para os biocombustíveis do futuro. Por videoconferência, Carpita apresentou, na última quarta, dia 10, a palestra “Milho como um modelo genético para o melhoramento de gramíneas para bioenergia”, durante o 1º Simpósio sobre Etanol de Celulose, na sede da Fapesp.
De acordo com Carpita, que colabora com pesquisadores envolvidos com o Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), os genes relacionados com a parede celular compõem cerca de 10% do genoma da planta, correspondendo a cerca de 2,5 mil dos 25 mil genes do milho.
? Uma compreensão mais profunda da síntese, deposição e hidrólise de paredes elulares é crucial para se ter o controle genético de traços que contribuem para o endimento e a qualidade da biomassa. Acreditamos que o milho é um modelo mportante para a descoberta de genes relacionados a esse rendimento.
O cientista afirmou que a arquitetura das paredes celulares tem um papel central na regulação do crescimento celular das plantas e na diferenciação em tipos específicos de células.
? Controlar a quantidade, a composição e a estrutura das paredes celulares em diferentes tipos de células terá impacto tanto na quantidade como no rendimento de açúcares fermentáveis a partir da biomassa voltada para produção de biocombustíveis.
A resistência da biomassa da planta à degradação, segundo Carpita, varia em relação à maneira como os polímeros se entrecruzam e se agregam nas paredes celulares.
? Novas tecnologias de imageamento fornecem oportunidade para estudar essas estruturas em seu estado natural. Se as paredes celulares são eficientes para destruir enzimaticamente e liberar açúcares fermentáveis, então precisamos de uma compreensão detalhada sobre sua organização estrutural.
Por ser geneticamente mais simples do que a cana-de-açúcar, de acordo com Carpita, o milho pode ser um bom modelo para o estudo das paredes celulares. Apesar disso, os resultados dos estudos não podem ser transpostos automaticamente para a cana.
? Nenhum modelo pode acomodar todas as variações celulares possíveis. Ainda assim o milho é um bom modelo, pois sua grande diversidade genética permite que se faça uma seleção dos traços de interesse mais importantes ? apontou.
Para dar uma idéia da diversidade genética do milho, Carpita comparou-a à de outras espécies. A variação genética entre todos os seres humanos não chega a 0,1%. A variação entre humanos e chimpanzés fica entre 1,23% e 1,34%. Enquanto isso, a diversidade genética entre os tipos de milho chega a 1,9%.
Carpita concluiu destacando que as pesquisas genéticas e genômicas com o milho, e também com o sorgo, podem contribuir para identificação de genes que tenham influência na quantidade e qualidade de biomassa.
? Esses resultados podem ser transponíveis para outras gramíneas voltadas para bioenergia, como a cana-de-açúcar.