Produtores de Goiás estão com dificuldade para comercializar o milho de segunda safra. O preço da saca chega a R$ 17, abaixo do mínimo, e os agricultores seguram o produto em busca de uma remuneração melhor. Para piorar a situação, quase não há mais espaço para armazenar o grão no estado.
O produtor rural Luis Martins de Barros, de Padre Bernardo, no leste do estado, plantou o cereal em 600 hectares na segunda safra e está preocupado com o preço do grão. Ele colheu 48 mil sacas, mas o valor atual não cobre os gastos.
“O custo foi em torno de R$ 1.800 por hectare,e a gente colheu em torno de 80 sacas. Só para cobrir o custo, vai uns R$ 22 ou R$ 23”, diz.
De acordo com a Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) , a maioria dos produtores já colheu o grão, mas prefere armazenar o cereal á espera de algum aumento de preço. O valor mínimo fixado pelo governo é de R$ 19 a R$ 21 por saca. A expectativa da Faeg é contar com a ajuda da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para auxiliar a comercialização.
Segundo o presidente da entidade, José Mário Schreiner, o mercado destravou os últimos dias e as exportações tiveram melhora. Mas ainda há a questão da armazenagem. “Faltam quase 30% da capacidade de armazenagem. Há muito milho armazenado a céu aberto”, diz.
Essa é uma preocupação muitos agricultores do município de Padre Bernardo. Boa parte da produção local está guardada em silos-bolsa, o que não é ideal no longo prazo. Segundo o presidente do sindicato rural do município, Olavo Passos, apenas 2% dos agricultores locais possuem silos para armazenamento. “A maioria dos produtores aqui armazena em bolsão plástico e isso tem um limite. Eles vão ter que vender, e tanto soja quanto milho estão com preço muito baixo”, afirma.
Passos lembra que, quem mantém o cereal em armazéns, tem prazo para retirar o grão do local e vendê-lo. Por outro lado, quem utiliza o silo-bolsa pode sofrer com perda de qualidade do milho.
Luis Martins de Barros tem três silos na propriedade. O objetivo é segurar o milho até o fim do ano e tentar vender por um preço melhor até o início de janeiro do ano que vem. “Para este ano, acho que se conseguir vender nos R$ 24 ou R$ 25, está bom, mas o mercado é incerto. Se chegar nisso, vai ser lá para o fim do ano e como a gente capitalizou um pouco devido à venda da soja, o milho a gente vai segurar”, conta.