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Milho: tabelamento do frete coloca exportações em queda livre

Produtores estão encontrando dificuldades em enviar as mercadorias para o exterior devido ao alto custo de transporte

espiga de milho
Foto: Pixabay

A estiagem agravou os problemas do produtor de milho. Pela ausência de chuva, a produção caiu cerca de 17%. Com menos produto no mercado, o preço subiu: a saca está R$ 10 mais cara em comparação com o mesmo período do ano passado. Isso poderia ser bom para quem vende, entretanto, enviar a mercadoria para o exterior está sendo um problema.

O tabelamento do frete, que foi aprovado de forma provisória na Câmara de Deputados no dia 11 de julho, estabeleceu um preço mínimo para o transporte de cargas, tornando-o mais caro e trazendo prejuízos ao produtor. Um dos inúmeros reflexos do alto custo está na exportação. Segundo a analista de mercado da INTL FCStone Ana Luiza Lodi, foram enviadas para o exterior apenas 1,3 milhão de toneladas no começo do segundo semestre de 2018, sendo que no mesmo período do ano passado foram registradas 2,3 milhões de toneladas.

A exportação do milho brasileiro costuma acontecer até janeiro do próximo ano, o que poderia ajudar o setor a recuperar os prejuízos. Entretanto, dependendo da distância, o valor do frete pode ultrapassar o preço do produto. Isso faz com que muitos agricultores segurem as vendas. Para Lodi, entretanto, essa estratégia é perigosa: “A gente prevê [a exportação de] 28 milhões de toneladas, mas deve ter recuo, o que é muito ruim porque deve elevar os estoques de milho do próximo ano”.

De acordo com Fernando Pimentel, analista de mercado na Agrosecurity, essa consequência da tabela gerou uma queda de braço tanto no preço de origem quanto no de destino. E é o produtor que deve ceder para garantir melhores condições na próxima safra. Vale lembrar também a dificuldade em obter fertilizantes, o que agrava o cenário.