Stephanes reforçou a tese de que é possível dobrar a produção agrícola no país sem derrubar nenhuma árvore. Ele evitou avaliar questões específicas relacionadas à sustentabilidade no agronegócio, mas, de modo bem humorado, ressaltou a ênfase com que o assunto tem sido tratado no país.
? Estou com medo não da extinção das florestas, mas da extinção da área agricultável no Brasil ? afirmou.
O ministro minimizou as críticas feitas ao governo por dirigentes da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), dizendo que, apesar das divergências, o Executivo e a entidade estão unidas na maior parte dos temas. Por outro lado, questionou o decreto 6.514, que trata de infrações contra o meio ambiente.
? Pessoalmente, achei o decreto forte. Possivelmente isso será tema de uma agenda que discutiremos com o ministro Minc [Carlos Minc, do Meio Ambiente] e outras instituições nas próximas semanas ? disse.
Stephanes voltou a manifestar a preocupação do governo federal com o aumento da produção interna para reduzir a dependências dos fertilizantes importados. Disse que não há preconceito contra projetos da iniciativa privada nem contra empresas do setor e sugeriu a inclusão do tema na agenda de discussões da Associação Brasileira de Agribusiness.
? O governo trabalha nisso e gostaria que a Abag colocasse na sua agenda para nos ajudar ? adiantou.
Ao discursar na abertura do Congresso da Abag, o secretário da Agricultura do Estado de São Paulo engrossou o coro dos críticos ao decreto 6.514. João Sampaio centrou fogo no artigo 55, que prevê multas entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para o produtor que deixar de averbar a reserva legal na propriedade, com prazo que pode chegar a até 120 dias para regularização.
? Não tem como ser cumprido. Coloco isso não como governo, mas é o desabafo de um produtor. É impossível. Não é sustentável ? disse o secretário.
Referindo-se ao tema principal do Congresso Brasileiro de Agribusiness, a sustentabilidade, João Sampaio disse que o caminho a ser percorrido pelo setor do agronegócio brasileiro ainda é grande, mas o cenário que se apresenta é uma boa oportunidade.
Aquecimento global
O ministro da Agricultura também comentou o estudo apresentado neste primeiro dia do Congresso Brasileiro de Agribusiness, que alertou sobre os impactos nocivos do aquecimento global sobre a produção agrícola brasileira. Reinhold Stephanes destacou que as informações do trabalho já estimula a realização de cerca de 200 projetos de melhoramento e adaptação de cultivares às novas condições do planeta.
? Foi um trabalho extraordinário para que o Brasil se antecipe na produção de variedades que possam se adaptar a essas mudanças climáticas ? argumentou.
Stephanes rebateu críticas feitas pelos pesquisadores responsáveis pelo estudo à burocracia na liberação de recursos para pesquisa no Brasil. Segundo ele, não há problemas para colocar os recursos à disposição para pesquisa.
? Havia uma preocupação em relação ao acesso à biodiversidade. Aí sim, havia uma burocracia no sentido de que os pesquisadores pudessem ter acesso aos banco genéticos ou mesmo a determinadas sementes par desenvolver a pesquisa.
O ministro da Agricultura informou que o acesso à biodiversidade vem sendo discutido com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. O assunto faz parte, segundo ele, de um agenda de 12 temas, entre os quais destacou também o zoneamento para a produção de cana-de-açúcar.