? Há possibilidade de negociação, mas, neste momento, a iniciativa tem de partir dos EUA ? afirmou.
De acordo com Barral, o Brasil disse o que quer, que é a retirada dos subsídios à produção e exportação do algodão, conforme determinou a Organização Mundial do Comércio (OMC). Esta semana, o governo publicou no Diário Oficial da União a lista de 102 produtos que terão alíquota do Imposto de Importação (II) elevada para as compras dos EUA.
O impacto comercial é estimado em US$ 591 milhões, maior que o valor autorizado pela OMC para o setor de bens. O Brasil deverá ainda apresentar uma série de retaliações na área de propriedade intelectual e de serviços, denominadas retaliações cruzadas.
O ex-embaixador do Brasil em Washington Roberto Abdenur, que atualmente é consultor da Câmara Americana de Comércio (Amcham), disse que está otimista de que o lado americano apresentará uma contraproposta. Segundo Abdenur, uma nova delegação americana deverá vir ao Brasil nos próximos dias para apresentar ideias e negociar uma solução.
De acordo com Abdenur, o Congresso americano tem poderes amplos sobre a política comercial dos EUA. Com os reflexos da crise financeira internacional, o caráter protecionista das decisões tem prevalecido.
? Não há hipótese de que o Congresso americano se mova em relação à Rodada Doha ou a acordos bilaterais de livre comércio ? disse.
No entanto, Abdenur aponta que a lei agrícola americana – a Farm Bill -, que prevê políticas de financiamentos e subsídios à produção, deverá ser revista em 2012.
? A expectativa é de que o governo dos EUA sugira ao Congresso a eliminação gradual dos subsídios do algodão ? afirmou.
Antes disso, porém, o Brasil vai querer satisfações sobre o assunto.
O ex-embaixador do Brasil nos EUA sugeriu que, nestas compensações, esteja incluído o aumento das cotas de produtos que possam afetar o mercado americano. Barral e Abdenur participaram nesta sexta de um evento promovido pela Câmara Americana de Comércio de Belo Horizonte.