Com 90 mil metros quadrados, a segunda unidade de compra e processamento da empresa no país ? a outra fica em Venâncio Aires (RS) ? terá 1,5 mil funcionários e capacidade para transformar 70 mil toneladas de fumo e oferece 1,5 mil novos postos de trabalho. A expectativa de faturamento é de R$ 200 milhões anuais quando estiver em pleno funcionamento.
A migração das grandes empresas de beneficiamento gaúchas, iniciada por empresas que buscam no território catarinense benefícios tributários, só tende a aumentar, segundo a avaliação de Guido Ripplinger, coordenador-técnico da filial de Araranguá da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
A consolidação deste movimento nos últimos anos deve transformar Araranguá, de 63 mil habitantes, na nova capital nacional do fumo no lugar da gaúcha Santa Cruz do Sul, que historicamente ocupa o posto. A cidade é o centro de um centro de uma das três regiões de cultivo de fumo do Estado ? inclui ainda Planalto Norte e Vale do Itajaí ?, que respondem por 32% da produção nacional.
Um estudo do coordenador do movimento econômico da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc), Moacir Rovaris, revela que a cadeia produtiva do fumo em Araranguá representa 73,7 milhões (19,24%) de uma econômica que movimenta anualmente R$ 383 milhões, incluindo o valor adicionado pelo processamento da CTA e o valor da cultura dos produtores.
? A tendência com a nova fábrica da Alliance é para este número incrementar muito mais. Sem contar o impacto indireto, com a abertura de empresas que vão fornecer peças e trabalhar com o transporte das produções. As metalúrgicas, em especial, estão interessadas em começar a atuar na cidade ? explica Rovaris.
A escolha por Araranguá levou em conta a localização estratégica da cidade, localizada às margens do novo traçado da BR-101 Sul, e da proximidade de uma região produtora. O governo do Estado ofereceu incentivos fiscais de R$ 2,650 milhões. Mas o que fez mesmo a diferença foi a busca por competitividade no mercado internacional.
Transportando o fumo catarinense para processá-lo no Rio Grande do Sul, as indústrias pagam 12% de ICMS. Se beneficiar as folhas aqui e embarcá-las pelos portos catarinenses, o setor não sofrerá taxação, já que as exportações são desoneradas. É uma equação de ganha-ganha. SC fica com empregos e renda, as empresas têm custo menor de produção.
? Não houve tantos benefícios específicos, mas empresa recebeu isenções de ICMS em todo material que se comprar em SC (desde material de embalagem até tabaco de empresas menores). O fato de ainda podermos exportar do próprio Estado é excelente, pois mesmo havendo acúmulo de créditos de ICMS, será mais fácil de reaver ? afirmou Rolf Waechter, diretor financeiro regional para a América do Sul.