Em Cambé, no norte do Estado, a máquina tritura na lavoura o milho que era promessa de alta produção. As espigas já começam a apodrecer, depois da geada forte da última semana e da chuva que caiu em seguida. A geada matou a planta e a espiga perdeu nutrientes. A silagem que está sendo armazenada a partir do milho afetado pelo frio, que congelou a seiva, é alimento pobre até mesmo para o gado.
? É bem inferior até mesmo para silagem. O milho tinha que estar bem mais adiantado até mesmo para fazer silagem, porque fica sem proteína nenhuma. É só bagaço de pé de milho ? explica o agricultor Antônio Perucci.
Dos 700 hectares plantados pela família Perucci, 60% estão perdidos. Uma parte da área foi financiada e precisa passar pela avaliação da seguradora antes de também se transformar em silagem.
? A área que estamos cortando é porque não tinha seguro. Se a área tiver seguro não podemos mexer até que o fiscal libere. Vamos ver o que eles vão dizer na avaliação, aí vamos ver o que fazemos.
Um levantamento preliminar do Departamento de Economia Rural, da Secretaria de Agricultura aponta perdas de 35% no milho paranaense, contando apenas a estiagem e a geada. Falta incluir os efeitos negativos das chuvas que atingiram a região.
A estimativa do potencial de produção, de oito milhões de toneladas caiu para 5,3 milhões. O prejuízo, por enquanto, é de R$ 1,1 bilhão. Mas o dinheiro perdido com a quebra da safra de milho de inverno no Paraná pode ser ainda maior.
As regiões oeste e sudeste do Estado concentram 60% da área semeada com milho, 1,7 milhão de hectares. A área é 27% maior do que o inverno passado. Os produtores apostavam no momento de preço bom do grão. Agora, amargam perdas irreversíveis causadas pelo clima.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná informa que as perdas no trigo são de 9%. Os técnicos da Seab também estão a campo avaliando perdas em área de pastagens, café e frutas.