O plano prevê ações emergenciais, como recursos para os municípios bancarem serviços de transporte de água e renegociação de dívidas, mas também medidas a médio e longo prazo, como perfuração de poços e crédito para construção de cisternas e sistemas de irrigação.
Os R$ 10 milhões do Ministério da Integração serão utilizados para perfuração de 333 poços artesianos, o que dará uma média de quatro poços por município. Cada município deve receber um distribuidor de adubo orgânico, já que o Estado liberou R$ 1 milhão para a compra destes equipamentos, que custam, aproximadamente, R$ 15 mil.
O prefeito da cidade de São Carlos, Élio Godoy, considerou as medidas apenas “razoáveis”. Ele lembrou que muitos poços perfurados em seu município não dão água. E que é necessário investimento mais forte em reservatórios e cisternas. Ele já gastou cerca de R$ 50 mil com o transporte de água.
O governo do Estado liberou R$ 10 milhões para bancar o juro de financiamento de cisternas, sistemas de captação e armazenagem de água e distribuição. E também assinou um termo de cooperação técnica com as agroindústrias para incentivar a instalação desses sistemas nos aviários e pocilgas. O presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, afirmou que a empresa vai incentivar seus integrados a acessarem o programa Juro Zero.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Bandeira Florence, disse que as dívidas que vencem neste início de ano foram prorrogadas para 31 de julho. E que elas podem ser renegociadas em até cinco anos.
O coordenador da Federação da Agricultura Familiar da Região Sul, Fetraf-Sul, Celso Ludwig, destacou que o que foi anunciado é muito pouco. E entregou uma pauta de reivindicações para os ministros.
– Não pode ficar só nisso, senão é fogo de palha – explicou.
Ludwig disse que a prorrogação das dívidas não resolve o problema. Segundo ele, é necessário investimento em irrigação, com recursos subsidiados, para garantir parte da produção.
Os ministros afirmaram que o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) vai atender os atingidos e que os técnicos da Epagri estão fazendo os laudos das perdas. Em Santa Catarina, 3,2 mil produtores, dos 130 mil contratos de custeio, já solicitaram o Proagro. Mas o programa só pode isentar o financiamento a partir de 30% de perdas, garantindo uma renda para o produtor de, no máximo, R$ 3,5 mil.
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, afirmou que o governo vai desenvolver ações para evitar que a situação se repita nos próximos anos.
Chuva ajuda mais do que medidas
Para o agricultor Natalino Bortoli, mais dos que as medidas governamentais, o que ajudou foi a chuva da semana passada, que foi de 71 milímetros, segundo registro da Epagri. Nessa segunda, ele começou o plantio da safrinha em uma área de seis hectares. Nessa mesma área, ele perdeu metade da lavoura de milho. Mas a chuva salvou outros quatro hectares, onde o agricultor espera colher 400 sacas.
Essa produção de milho, somada ao que ele espera colher na safrinha, deve garantir alimentação para 40 vacas, que produzem 450 litros de leite por dia.
– As vacas já aumentaram dois a três litros por dia – observou.
Já o agricultor Valdecir Carvalho, de Chapecó, espera a visita de um técnico para verificar as perdas. Ele estima em 50% a quebra no milho e 40% na soja. Se for confirmado esse percentual, ele terá isenção de 50% no financiamento de R$ 51 mil da lavoura de milho e de 40% nos R$ 30 mil da lavoura de soja.
– Algumas ações vão ajudar a minimizar as perdas, mas são insuficientes para resolver tudo – avaliou.
Carvalho ressaltou, ainda, que vai precisar de uma prorrogação das suas dívidas.