O norte gaúcho é a região mais atingida. A chuva que caiu no último final de semana pode diminuir as perdas na lavoura de soja, mas o mesmo não deve acontecer com o milho.
– A esperança é na soja. O que tinha que estragar, estragou no milho. Já tivemos uma perda de mais ou menos 35% a 40% com a lavoura – conta o produtor rural Lauro Ridel.
A Emater acompanha a decepção dos produtores. Depois de uma grande safra, eles viram as expectativas começarem a diminuir em outubro, quando a falta de umidade já prejudicava as lavouras.
– Nós temos um problema que é a época crítica da cultura, o florescimento e o enchimento do grão. Quando o milho chega neste período, precisa de mais água. E isso não está acontecendo nas principais regiões produtoras do Estado. A chuva tem sido muito insuficiente em relação à necessidade das plantas – explica o engenheiro agrônomo da Emater, Dulphe Pinheiro Machado.
De acordo com a Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), mais de 40% das áreas plantadas com milho foram atingidas no Rio Grande do Sul. Em alguns locais, onde a estiagem é mais crítica, 80% das lavouras foram perdidas.
– A produção esperada era de 5,8 milhões de toneladas. Poderemos ter uma perda direta, só de receita bruta, de R$ 1,2 a R$ 1,3 bilhão. Isso sem considerar a necessidade de importação que nós teremos, de buscar em outras regiões do país, ou mesmo de fora, para abastecer o mercado interno gaúcho – afirma o economista da Fecoagro, Tarcísio Minetto.
Ele reforça também os gastos com os serviços, com frete e com o ICMS.
– Devem ser mais de R$ 100 milhões ou R$ 200 milhões só no ponto de vista tributário e de frete. Tem também os serviços adjacentes que envolvem o efeito multiplicador com a quebra da safra – conclui.