Décio Teixeira se viu obrigado a esvaziar os silos da propriedade em Cruz Alta (RS), cheios de trigo, para colocar a soja. A estratégia pesou no bolso do agricultor.
? Tem despesa de frete e de armazenagem. A gente podia ter vendido há muito tempo esse trigo. Desde novembro não se conseguiu fazer nada ? reclama Teixeira.
Em todo o Estado, cerca de 300 mil toneladas de trigo ainda estão estocadas, à espera de compradores. O problema é que o cereal tira espaço de outros grãos, como a soja, que está na etapa final da colheita. Em algumas unidades da Companhia Estadual de Silos e Armazéns, a capacidade de armazenamento está no limite.
O preço da saca do trigo encolheu 11% em um ano, e a tendência de queda deve continuar na próxima safra, que começa no próximo mês. Pelo segundo ano consecutivo, o Rio Grande do Sul pode ter uma redução na área cultivada.
? Se o governo não garantir o preço mínimo, via AGF (Aquisição do Governo Federal), provavelmente o produtor vai diminuir a área. A tendência é de 20% a 30% ? projeta Anibal Bastos, analista de mercado.