Nos 350 hectares de feijão, o produtor rural William Thomas aplica o agrotóxico e outros dois produtos para conter os percevejos.
? Existem poucos princípios ativos que controlam o inseto, dentre eles o metamidofós é muito bom para fazer a rotação para que o inseto não crie resistência ? explica.
O que a maioria dos produtores argumenta é que não existem no mercado substitutos com a mesma eficiência. O receio é que a proibição gere aumentos nos custos para quem produz.
? Nós compramos produto a mais e fizemos um estoque pra ter e continuar usando ? relata Thomas.
Justificando que o inseticida causa problemas a saúde, em janeiro a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou a retirada gradual do mercado. A comercialização seria proibida já em dezembro. No entanto, a Justiça suspendeu as determinações. Uma das quatro empresas que produz o metamidofós no Brasil alegou que não teve acesso ao processo.
? A utilização foi vetada apenas em julho de 2012, até lá essa substância pode ser amplamente utilizada pela sociedade. De modo que se a utilização não está proibida não vejo porque proibir a produção ? observa o juiz da 2ª vara de justiça de Brasília, Bruno Apolinário.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária informou que fez audiência pública e todos os envolvidos foram consultados. Os únicos dados não fornecidos são protegidos por sigilo de pesquisa.
? Nós recebemos com surpresa a decisão da concessão de uma liminar para a empresa. Porque o juiz que concedeu a liminar não pediu uma única informação para a Anvisa para embasar a decisão dele. Fez a decisão, comunicou a Anvisa e deu um prazo de 60 dias para a agência fazer uma manifestação ? ressalta o diretor Anvisa, Agenor Álvares.
Em nota, a empresa (Fersol) disse que ingressou na Justiça para se proteger da concorrência das multinacionais. E que, para evitar problemas, o metamidofós deve ser usado de acordo com as recomendações do fabricante, assim como a maioria dos pesticidas disponíveis no mercado.