Os produtores da região de Indaiatuba, no interior paulista abastecem mercados como Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. Nos parreirais o trabalho está começando. A safra começa em novembro e atinge o auge em dezembro, no momento certo para atender a demanda das festas de fim de ano. Mas o clima não colaborou nos últimos meses. O produtor Antônio Carlos Pesce calcula que vai ter perdas de 30%, um índice semelhante à média da região.
? Na hora da floração do cacho, veio vento muito frio, muito seco, que abortou essa fruta. Teve vários cachos que poderia ter desenvolvido mais, mas acabou ficando menor ? conta Pesce.
Não é difícil encontrar cachos ralos, com poucos frutos. O frio também atrapalhou a maturação. Nesta mesma fileira, uvas escuras quase prontas para a colheita e outras ainda verdes. O distribuidor Josué Marchetti, que comercializa quase 300 mil caixas durante a safra, calcula que mesmo com a quebra de produtividade, os preços pagos ao produtor não devem subir mais que 10%.
? Às vezes com uma quebra dessas, pode acontecer de ficar ainda mais baixo que no ano passado. Depende da oferta e da procura e dos dias em que essa mercadoria vai entrar ? afirma Marchetti.
Algumas plantações tiveram mais problemas. No final de outubro, uma chuva de granizo provocou danos. O produtor Cassio Donizete Marques avalia que algumas áreas tiveram quase perda total da produção.
– Ela acaba destruindo as folhas todas e machuca muito o fruto. Parecia que ela tinha sido cortada com um estilete. Se via corte em cada grãozinho da fruta. Agora temos perdas de 90%. Não tem mercado para essa uva ? explica Marques.
Os prejuízos com o granizo foram ainda mais pesados porque muitas áreas não tinham seguro contra perdas. Os produtores reclamam que o governo federal, nesta safra, não ajudou a pagar 60% do benefício como faz regularmente.
? Sem a subvenção federal, teve que pagar do próprio bolso. Valor pequeno e custo muito alto. Se ele não tiver o seguro, muitos deles pensam em parar de produzir ? diz o presidente do Sindicato Rural de Indaiatuba, Wilson Tomaseto.
– Foi feito seguro por um preço bastante irrisório por pé. Praticamente metade do valor do que faríamos com subsídio do governo federal ? acrescenta Marques.
O Ministério da Fazenda confirma que houve atraso no repasse de verbas para as seguradoras. O motivo foi a contenção de gastos exigida pela equipe econômica do governo. O Ministério informou ainda que R$ 35 milhões foram liberados há um mês para os seguros do setor de fruticultura.