As mesmas chuvas que desabrigaram milhares no Estado e farão as lavouras de arroz produzirem 13,3% a menos são as responsáveis pelo recorde. Culturas como o milho e a soja, entre as mais plantadas no Rio Grande do Sul, devem ter uma produção 24% maior nesta safra.
? Em outros anos, houve aumento na tecnologia usada na lavoura ou aumento de recursos. Este ano, o grande diferencial foi a chuva no momento certo ? afirma o gestor da unidade de grãos da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio), Marcelo Pinto de Faria.
No caso da soja, a cultura que puxa o recorde, o preço favorável na época do planejamento do plantio, em meados do ano passado, fez com que os produtores definissem o uso de uma área 4,2% maior no Estado. Com a ajuda do clima, a produtividade na soja deve ter aumento de 18%. Além disso, diz Faria, há uma tendência mundial de crescimento na produção de grãos, o que ajuda a explicar a queda nos preços.
Segundo o consultor técnico da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS), Tarcísio Minetto, os custos ao produtor de soja estão em R$ 32,47, enquanto o preço da saca está entre R$ 34 e R$ 35: ou seja, as margens estão apertadas.
? O produtor de milho vem recebendo menos do que os custos ? diz Rui Polidoro, presidente da entidade.
Ainda que o recorde possa não se confirmar, já que os dados são projeções, as possibilidades são pequenas. Segundo o gerente de desenvolvimento de suporte estratégico da Conab, Ernesto Irgang, a maior incógnita é o arroz. Como quase 30% do plantio foi protelado em razão das enchentes, é preciso torcer para que o clima não atrapalhe as lavouras mais atrasadas.
? O milho não deve ter mais problemas, e a soja tem uma pequena possibilidade de recuo caso haja chuvas excessivas em abril e maio, o que reduziria a qualidade do grão e a produtividade ? avalia Irgang.