Rio Grande do Sul terá novo programa de irrigação, diz secretário de Agricultura

Durante 4º Fórum do Milho, Luís Fernando Mainardi afirmou que plano deve ser lançado em breve pelo governador Tarso GenroO Rio Grande do Sul deve ter em breve um novo programa de irrigação. De acordo com o secretário de Agricultura do Estado, Luís Fernando Mainardi, o anúncio será feito nos próximos dias pelo governador Tarso Genro, como uma das propostas de solução para o problema de estiagem enfrentado anualmente na região Sul. Mainardi participou da abertura do debate do 4º Fórum Nacional do Milho, nesta segunda, dia 5, na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). O destaque do evento foi a busca de alternativ

— A água tem que ser ponto estratégico em nossos debates. A responsabilidade tem que ser de todos. O governador Tarso Genro vai anunciar nos próximos dias um programa novo, para facilitar o licenciamento ambiental e estimular a contratação de empréstimos. Assim teremos garantia de produção, com água na hora que a planta precisa — aponta.

Já o secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Caio Tibério da Rocha, defende que planejamento e organização governamentais são o ponto-chave para o desenvolvimento da cultura do milho no país.

– O problema não tem sido de pesquisa, tecnologia, nem potencial de produtividade. E estamos trabalhando para enfrentar as dificuldades. Prorrogamos o custeio para quem perdeu mais de 30%, 70% da lavoura com a estiagem. O Ministério da Agricultura conseguiu reverter a negociação com os bancos, para que o produtor pudesse utilizar a sobra de perdas para vender ou utilizar como alimentação animal. Estamos estudando uma forma diferenciada de seguro agrícola para que o agricultor possa obter cobertura, caso não atinja a produção. Teremos leilão de milho no dia 15 de março, com a saca de 60 quilos a R$ 21,00 no balcão. O Ministério apoiará o programa de irrigação, buscando a autossuficiência do milho no Rio Grande do Sul. Queremos que ele possa ficar no contexto de sustentabilidade do Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), com 12 anos para pagar. E estamos antecipando a publicação de políticas agrícolas para o plantio de inverno. Será no final de março ou começo de abril. É nossa responsabilidade resolver isso – pontua.
 
Para o presidente da União Brasileira de Agricultura (Ubabef), Francisco Turra, deve haver equilíbrio entre o preço do milho e da soja e os custos de produção, para que o Brasil possa “valorizar sua vocação de produtor de alimentos”. Ele chama a atenção para o risco de falta de abastecimento do grão para ração animal.

– É hora de fazer uma reflexão. Se não reagirmos com programas para trazer milho à região Sul na hora mais aguda de estiagem, será impossível sustentar a produção. Só falamos de seca depois que ela acontece, depois esquecemos. Se não houver Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) na hora certa, será complicado. A produção brasileira de frango cresceu e nós precisamos de milho. E ração mais barata gera vantagem competitiva ao setor avícola. Peço que o Brasil fique atento para não perder todo o trabalho que já fizemos para conquistar mercado. Não podemos perder espaço na agricultura e na pecuária. Temos que fazer nossa parte – salienta.

A preocupação com o abastecimento de grãos para ração é compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. Ele alerta que a produtividade do milho aumentou menos do que a demanda, que cresce em nível mundial. E diz temer a concorrência internacional.

– O Brasil é quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo e há poucos mecanismos de proteção de preços para o milho e nenhum para o suíno vivo no país. O custo de produção do animal nos Estados Unidos já está mais baixo do que o nosso. Então, podemos perder até essa vantagem. Fora que, se falarmos em infraestrutura e tecnologia, os países desenvolvidos nos dão uma lavada – argumenta.

Ele defende a criação de linhas de crédito específicas para compra do cereal no Plano Agrícola Pecuário e mecanismos modernos de comercialização. Aponta ainda a necessidade de alternativas para a alimentação animal.

– Precisamos de segurança para produzir mais carne. Temos que estudar diferentes substitutos ao milho para a ração, como sorgo e trigo. E ver o que é possível fazer para barrar a burocracia na regulamentação de milho transgênico, porque precisamos de grãos de alta produtividade – diz.

O avanço tecnológico para o aumento da produtividade foi o principal ponto defendido pelo presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison. De acordo com ele, para haver desenvolvimento econômico considerável, é necessário oferecer condições para que a semente possa expressar seu potencial produtivo.

– A agricultura de precisão é uma das soluções que compõem o processo. A pretensão das empresas que desenvolvem genética é triplicar o número de sacas colhidas por hectare em 2020. Na safra 2011/2012 foram colocadas à disposição dos agricultores 489 cultivares de milho, para que tivessemos variedades adaptáveis aos mais diferentes climas e solos. Destas, 176 eram transgênicas. Em três anos, as sementes geneticamente modificadas ocuparam mais de 60% da área cultivada no país. É a resposta do sucesso dessa tecnologia. A semente de milho hoje é um pequeno chip, com resistência a insetos, e logo teremos tolerância à seca – estima.

O debate contou ainda com a participação de Eduardo Copetti, engenheiro agrônomo da Semeato Implementos Agrícolas, que apresentou opções de tecnologias e máquinas desenvolvidas pela empresa para otimizar o trabalho campo.

– O plantio é a operação que define o potencial de cada cultura e o que vai ser colhido. Temos tecnologia disponível para aumentar a produtividade – afirma.