A partir deste domingo, na série “Região Serrana do Rio de Janeiro – seis meses depois”, uma equipe do Canal Rural volta ao local da tragédia e mostra como estão os moradores e o que de fato mudou de lá para cá. Na primeira reportagem, João Henrique Bosco e o cinegrafista Robson Custódio relembram os dias de terror vividos pela população e constatam que muitos ainda enfrentam dificuldades financeiras, estão fora de casa e até hoje procuram por familiares desaparecidos.
Meio ano depois da maior tragédia natural brasileira voltamos à região serrana do Rio de Janeiro. Já na chegada, a certeza de que as coisas ainda não voltaram ao normal.
Tanto tempo depois, o trabalho de limpeza ainda não terminou. Casas continuam tombadas e a procura por familiares desaparecidos não cessa. Em uma área rural da região, até hoje, uma criança soterrada pela lama não foi encontrada.
Em janeiro deste ano conhecemos a história de um agricultor que teve a casa levada pela enxurrada, a plantação destruída e o pior: procurava a mulher, companheira de anos, que desapareceu. Seis meses depois voltamos ao local, mas não encontramos ele, apenas a sogra, mãe da desaparecida que até hoje não foi encontrada.
Histórias assim estão espalhadas pela área rural da região serrana. O abastecimento voltou ao normal, mas a vida não é mais a mesma. Uma placa no bairro Bonsucesso, em Teresópolis, mostra que a agricultura permanece em estado de emergência. O governo colocou máquinas para lavrar a terra, mas o socorro ainda não chegou a todos.
? Aqui eles estão colocando tratores para somente lavrar, além de máquinas para planar o terreno que está com areia, mas só em alguns bairros. Está meio devagar. Não tive nenhum benefício ainda, até o trator que pedi no cadastramento não veio ? diz o agricultor Paulo da Conceição Silva.
O agricultor Pedro Barbosa tem uma pequena propriedade onde planava alface e cenoura. Metade ficou embaixo da lama. E assim permanece até hoje.
? Com esta terra não consegui plantar, não tenho condições. Por aqui, para nós, nada foi feito. Falaram que iam abrir o rio, mas nada até hoje. Nossa situação fica ruim, não tem como plantar ? fala Pedro Barbosa.
O futuro também é incerto. Muitos moradores continuam em áreas de preservação permanente. O bairro Village, no centro de Nova Friburgo, foi interditado. Sem ter para onde ir, muitos voltaram. O cobrador de ônibus Leandro Daudt, a mulher e o filho recém-nascido moram em um morro.
? Tinha que ter saído, mas o que acontece, eles tinham prometido aluguel social, mas não foi liberado. A gente está precisando, mas na Justiça de pequenas causas fica correndo processo e não tem êxito. A gente sai para trabalhar, mas com qualquer chuva a gente larga o serviço e vem para tirar a família, salvar a família ? lamenta Leandro Daudt.
Agricultores não conseguem retomar produção no Rio de Janeiro
Seis meses depois, moradores ainda sofrem com as perdas causadas por desabamentos de terra no RJ