Carlo Lovatelli, presidente da ABAG, assinalou que os setores de siderurgia e mineração enfrentaram maiores dificuldades, por comercializarem bens cujo consumo pode ser adiado.
? A demanda por bens alimentícios permaneceu inalterada, com vendas em alta e números positivos ? disse.
Lovatelli acrescentou que, diferentemente da crise vivida entre 2005 e 2006, hoje os produtores estão mais capitalizados, mais comedidos para realizar investimentos e com maior poder de administração de dívidas.
? Os produtores que já carregam endividamento são os que ficaram em situação difícil ? disse.
Durante o encontro, o presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Luiz Lourenço, apresentou o desempenho das principais atividades agrícolas no país. A produção de soja registrou queda de 16% em 2008 (2.500 kg/ha) na comparação com o ano anterior (2.991 kg/ha) em função da seca prolongada. Os produtores de soja, no entanto, foram favorecidos pelo plantio antecipado e contam com reserva suficiente para atender a demanda do mercado.
Na comparação com 2008, a produção de soja vem apresentando lentidão na comercialização interna neste ano. Em 2009, o índice de vendas para o mercado doméstico está em 37% ante 52% em 2008. Em relação aos preços da soja, o valor mais alto foi registrado em julho de 2008 (R$ 48,60). Hoje, a soja é comercializada a R$ 45,00, queda de 7%.
Para o milho, a expectativa é positiva para a safra de inverno, resultado do plantio antecipado, que permite o distanciamento das geadas. Lourenço ressaltou, no entanto, que a necessidade de se exportar mais milho é urgente.
? A oferta está muito acima da demanda interna e os preços internos devem ser referenciados na exportação ? afirmou.
A indústria pecuarista foi citada pelo presidente da cooperativa como um dos segmentos mais críticos do setor de agronegócio.
? A pecuária vive um momento crítico inédito. No Paraná, por exemplo, não há quase nenhum frigorífico em operação. Os preços estão em queda, há sobra de animais prontos para abate e o prejuízo dos pecuaristas é muito alto.
Além de mencionar as dificuldades de financiamento como uma das principais questões a serem resolvidas pelo setor agrícola, Lourenço lembrou que a eterna renegociação das dívidas agrícolas precisa sair da pauta com o governo.
? Nunca conseguimos encerrar uma renegociação sem iniciar outra ? acrescentou.