Setor do agronegócio foi o que menos sofreu com a crise internacional

Conclusão é dos participantes do 14º Fórum da Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG)Embora a escassez de crédito tenha sido o principal entrave para o avanço da indústria brasileira nos últimos meses, atravancando o desenvolvimento de projetos de expansão em diversas cadeias produtivas, o setor de agronegócios foi o menos exposto aos efeitos da crise mundial, segundo os participantes do 14º Fórum da Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG), realizado nesta quarta, dia 25, em São Paulo.

Carlo Lovatelli, presidente da ABAG, assinalou que os setores de siderurgia e mineração enfrentaram maiores dificuldades, por comercializarem bens cujo consumo pode ser adiado.

? A demanda por bens alimentícios permaneceu inalterada, com vendas em alta e números positivos ? disse.

Lovatelli acrescentou que, diferentemente da crise vivida entre 2005 e 2006, hoje os produtores estão mais capitalizados, mais comedidos para realizar investimentos e com maior poder de administração de dívidas.

? Os produtores que já carregam endividamento são os que ficaram em situação difícil ? disse.

Durante o encontro, o presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Luiz Lourenço, apresentou o desempenho das principais atividades agrícolas no país. A produção de soja registrou queda de 16% em 2008 (2.500 kg/ha) na comparação com o ano anterior (2.991 kg/ha) em função da seca prolongada. Os produtores de soja, no entanto, foram favorecidos pelo plantio antecipado e contam com reserva suficiente para atender a demanda do mercado.

Na comparação com 2008, a produção de soja vem apresentando lentidão na comercialização interna neste ano. Em 2009, o índice de vendas para o mercado doméstico está em 37% ante 52% em 2008. Em relação aos preços da soja, o valor mais alto foi registrado em julho de 2008 (R$ 48,60). Hoje, a soja é comercializada a R$ 45,00, queda de 7%.

Para o milho, a expectativa é positiva para a safra de inverno, resultado do plantio antecipado, que permite o distanciamento das geadas. Lourenço ressaltou, no entanto, que a necessidade de se exportar mais milho é urgente.

? A oferta está muito acima da demanda interna e os preços internos devem ser referenciados na exportação ? afirmou.

A indústria pecuarista foi citada pelo presidente da cooperativa como um dos segmentos mais críticos do setor de agronegócio.

? A pecuária vive um momento crítico inédito. No Paraná, por exemplo, não há quase nenhum frigorífico em operação. Os preços estão em queda, há sobra de animais prontos para abate e o prejuízo dos pecuaristas é muito alto.

Além de mencionar as dificuldades de financiamento como uma das principais questões a serem resolvidas pelo setor agrícola, Lourenço lembrou que a eterna renegociação das dívidas agrícolas precisa sair da pauta com o governo.

? Nunca conseguimos encerrar uma renegociação sem iniciar outra ? acrescentou.