Na região, atualmente as lavouras de trigo estão em fase de espigamento. Em meados de agosto, começa a colheita, que deve prosseguir até final de setembro ? ainda na entressafra das principais regiões tritícolas, o que garante maior remuneração aos produtores. Albrecht explica que, como estão bem conduzidas e sofrem baixa pressão de doenças, elas podem alcançar uma produtividade de sete toneladas por hectare ? bem acima dos 2,4 da média nacional.
Somado à boa produtividade, o trigo produzido na região é todo de alta qualidade, comparável ao das melhores regiões produtoras, como o Canadá. Todas as variedades plantadas no Cerrado são de trigo pão e melhorador, conforme a demanda da indústria moageira.
? No Brasil, o trigo de melhor qualidade industrial é o do Cerrado, em função de sua alta força de glúten e estabilidade ? explica Albrecht.
Nesta época do ano, as condições climáticas também favorecem o desenvolvimento das plantas de trigo, devido ao tempo frio e a umidade baixa. Como é produzido sob irrigação, o manejo da água é controlada. Uma das vantagens, por exemplo, é a ausência de chuvas na época da colheita, o que favorece a qualidade do produto.
Atualmente, há cerca de cinquenta mil hectares de plantação de trigo na região do Cerrado, que responde por menos de 5% da produção nacional. O pesquisador explica, no entanto, que há um potencial para se plantar 1,5 milhão de hectares de trigo irrigado e 3 milhões de hectares de trigo sem irrigação.
Para fornecer o subsídio técnico para a produção de trigo na região, a Embrapa Cerrados mantém, há 36 anos, um trabalho de pesquisa com o produto. Como resultado disso, as cultivares lançadas há quatro anos predominaram em 90% das lavouras na última safra. A cultivar BRS 264 é classificada como trigo classe pão e tem um maior potencial de produção, podendo chegar a 7,5 toneladas por hectare. A outra cultivar, BRS 254 produz trigo classe melhorador, com uma produtividade de cerca de 6,5 toneladas por hectare.
Em 2010, a Embrapa aprovou um projeto de expansão da pesquisa com trigo no Brasil Central, para atender demandas do setor produtivo. Dentro do programa de triticultura no Cerrado brasileiro, está sendo instalada uma estação experimental, em Uberaba, em Minas Gerais, com equipe própria para atuar como suporte às ações de pesquisa e de transferência de tecnologias na região. Inicialmente as principais pesquisas serão desenvolvidas com trigo de sequeiro.