União da ETH e da Brenco cria gigante mundial da produção de etanol de cana

Processo de transição mal começou e os empresários já estão de olho no mercado internacionalA empresa de bioenergia do grupo Odebretcht, ETH, e a Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco) oficializaram nesta quinta, dia 18, a fusão que cria uma gigante mundial da produção de etanol de cana. O processo de transição mal começou e os empresários já estão de olho no mercado internacional. O grupo prevê investimentos até na África.

O acordo anunciado oficialmente em São Paulo já estava em negociação há pelo menos quatro meses. A ETH e a Brenco estão unindo os ativos em uma parceria conhecida no mercado como joint venture. Juntas, elas formam agora uma das maiores produtoras de etanol de cana do mundo. As duas empresas foram fundadas em 2007 com a intenção de se tornarem líderes globais.

Atualmente, a Brenco tem quatro unidades em construção. Duas entram em operação este ano. As usinas têm capacidade para moer 15,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e para produzir 1,1 mil gigawatts de energia elétrica. Já a ETH tem cinco usinas em operação, que moem 24,8 milhões de toneladas de cana e geram 1,6 mil gigawatts de energia.

A nova organização, que mantém o nome ETH Bioenergia, deve até 2012 estar moendo 40 milhões de toneladas de cana, produzindo três bilhões de litros de etanol e 2,7 mil gigawatts de energia elétrica. Os investimentos chegam a R$ 7,3 bilhões, e a expectativa de faturamento é de R$ 4 bilhões.

Das nove usinas do grupo, apenas três vão produzir açúcar, em uma quantidade de 550 a 600 mil toneladas.

A decisão de focar os investimentos em etanol e co-geração de energia elétrica está relacionada ao mercado internacional. Recentemente, a Agência de Proteção Ambiental Norte-americana divulgou uma nota melhorando a avaliação do etanol de cana. Com isso, os empresários da ETH Bioenergia esperam que, antes do que se possa imaginar, as portas de países como Estados Unidos e Japão vão se abrir para o etanol brasileiro.

? Temos já que começar a nos preocupar e olhar para o mercado internacional, porque a probabilidade de abertura do mercado japonês e do norte-americano nos próximos três a cinco anos é muito grande ? diz o presidente da ETH Bioenergia, José Carlos Grubisich.

Ainda com foco no mercado externo, está incluído na negociação um alcooduto. O projeto já havia sido iniciado pela Brenco. Com investimentos de R$ 1,7 bilhão, o duto, ainda sem previsão de conclusão, vai levar etanol de Mato Grosso até o Porto de Santos, em São Paulo.

Os empresários também não descartam investimentos em produção de etanol em países da América Latina e também na África. Outro objetivo é entrar na bolsa de valores. Já está prevista uma oferta pública de ações, o chamado IPO, para o segundo semestre de 2011.