Dentro da reprogramação das atividades, a mineradora também reduziu a fabricação de pelotas (subproduto do minério de ferro), alumínio, manganês e ferro-ligas no Brasil e no Exterior, e deu férias coletivas nas unidades afetadas.
Considerando o preço de referência do minério, a Vale perderá mensalmente US$ 350 milhões em receita. Se o corte perdurar por um ano, serão US$ 4,2 bilhões. Se ficar restrito a um trimestre, deixará de ganhar US$ 1,1 bilhão. A medida deve afetar o saldo comercial brasileiro, muito dependente do minério da Vale.
Segundo a mineradora, inicialmente não haverá demissões. Serão dadas férias coletivas de 15 a 20 dias.
Diante de uma “crise extremamente profunda”, o presidente da companhia, Roger Agnelli, classificou a redução das atividades como um “ajuste momentâneo” para adequar a produção à demanda fraca. No caso do minério de ferro, segundo o executivo, o corte se dará em minas no final de vida útil, cujos custos são maiores e a rentabilidade é reduzida. Devem parar de produzir minas no Sudeste e no Sul do país.
? A Vale tinha de estar pronta para o inverno ? comparou.
A companhia definiu o forte ajuste com base na avaliação de que a crise será extensa e já afeta a produção siderúrgica em escala mundial. Muitas usinas cortaram 20% da capacidade.
Investimentos para 2009 estão mantidos, diz Agnelli
Segundo Agnelli, a companhia tinha gordura para cortar, pois o minério de qualidade inferior só era vendido porque a demanda estava superaquecida antes de setembro, quando a crise estourou com mais força. O executivo ressaltou que a paralisação de unidades é temporária e que há espaço para voltar a crescer após o período mais crítico da crise. Disse ainda que os investimentos de US$ 14,2 bilhões previstos para 2009 estão assegurados, independentemente do cenário negativo.
? Isso é momentâneo. É ajuste normal de dia-a-dia. Não adianta querer produzir um monte de coisas e deixar no estoque. Faz as paradas que têm de fazer, faz a limpeza, dá as férias, com muita naturalidade ? afirmou.
A Vale decidiu ainda parar todas as atividades em duas plantas produtoras de ferro-ligas (que usam o mineral) na França e Noruega. A empresa diminuiu a produção de uma refinaria de níquel na China ? que operará só com 35% de sua capacidade.