Ministério da Agricultura critica taxação de exportações

Em entrevista ao Canal Rural, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura afirmou que tributação seria um sinal muito negativo para os produtores

Fonte: Manaíra Lacerda/Canal Rural

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura critica a discussão a respeito da possível cobrança previdenciária sobre as exportações agrícolas. Em reportagem exibida pelo Canal Rural, o assessor especial do Ministério do Trabalho afirmou que essa é uma das propostas que estão sendo estudadas para dobrar a arrecadação da previdência rural, que fechou 2015 em R$ 7 bilhões, com déficit de R$ 91 bilhões. 

“Estão sendo feitos estudos, não só do ponto de vista do controle da despesa, mas também da readequação do custeio. E aí, há uma série de questões que devem ser estudadas – a exportação é uma questão que está sendo estudada”, disse Marcelo de Siqueira Freitas.

Em uma rápida entrevista, o secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar, comentou este e outros temas, como seguro agrícola.

Canal Rural: A ministra Kátia Abreu já comentou que tributar as exportações agrícolas está fora de cogitação e a presidente não vai permitir. Mas o governo não nega o assunto.
André Nassar: Colocar tributação para exportação seria um sinal muito negativo para os produtores, além de um problema, porque vai reduzir a renda deles. Não é uma boa ideia no setor que está crescendo, gerando superávit comercial, gerando PIB, você começar a tributar a renda desse setor que está ganhando produtividade e crescendo. Isso não está sendo discutido dentro do Ministério da Agricultura.

CR: Alguns produtores têm reclamado que os bancos estão exigindo o Cadastro Ambiental Rural para acessar o pré-custeio, que já está disponível. Isso está correto? 
AN: Ter o CAR será uma exigência para tomar crédito rural a partir de maio de 2017. Então, não tem razão nenhuma para que os bancos venham exigir o CAR ainda. No ano que vem, é outra coisa, ano que vem passa a ser obrigação. Mas esse ano, não tem razão nenhuma de exigir o CAR.

CR: Sobre seguro agrícola, está definido para as culturas de inverno da próxima safra?
AN: O custeio das culturas de inverno começa em novembro, dezembro do ano anterior, e vai até janeiro e fevereiro, que é o período em que os produtores tomam o custeio. Em geral, a gente disponibiliza o seguro somente em março/maio do ano. Idealmente, a gente deveria disponibilizar o seguro no momento que o custeio começa. Com o orçamento que nós temos esse ano com seguro, tudo indica que no final do ano, nós vamos conseguir disponibilizar dinheiro para trigo e para milho para a safra de 2017. E isso seria uma contribuição muito importante para a safra de inverno, porque ela entra no ano já protegida. Esse ano, a gente tem que usar do mesmo orçamento e isso dificulta operacionalizar os empréstimos, porque os produtores pegam os empréstimos, são obrigados a contratar os seguros e só mais tarde vão saber se vai haver subvenção ou não. E a gente quer que eles saibam desde o inicio, como é hoje com a safra de verão.

CR: Mas o orçamento para o seguro agrícola de R$ 1 bilhão, que foi prometido pela ministra, ainda não está confirmado. Como está esse processo para usar recursos da venda de estoques públicos de milho e café?
AN: A gente ainda está discutindo. O importante agora é a gente vender os estoques no momento em que o mercado precisa do produto. Deixa a gente terminar essa comercialização, aí a gente vai começar a estudar como aportar o recurso adicional para o seguro esse ano. Isso tudo vira algum tipo de suplementação orçamentária, então, em geral, isso tem que estar bem definido até o meio do ano. 

CR: O segundo leilão de milho vai acontecer dia 16 de fevereiro. Qual a avaliação da primeira etapa?
AN: A Conab vendeu 85% do que a gente disponibilizou, ao redor de 125 mil toneladas, com 9% de ágio do preço, entre preço de abertura e de fechamento. Acho que o leilão foi muito bom. O próximo está marcado para 16 de fevereiro, mais 150 mil toneladas. Então, a gente entende que o mercado está aceitando bem o produto e a gente está contribuindo para abastecer o mercado de milho.