O fenômeno climático El Niño permanecerá influenciando o clima do país nos próximos meses. Haverá diminuição de chuvas no Norte e Nordeste e aumento de chuvas no Sul. A conclusão é do Grupo de Trabalho sobre Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que se reuniu nesta terça-feira, dia 19, para elaborar a previsão para os meses de fevereiro, março e abril deste ano.
O pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), diz que o El Niño que está ocorrendo agora é parecido com o fenômeno que ocorreu em 1997 e 1998, quando houve uma grande seca na Região Nordeste.
Para Nobre, há uma possibilidade de que a diminuição do total de chuvas seja expressiva, e não apenas uma pequena redução. “O que podemos esperar é que os períodos entre chuvas se alarguem”. Segundo o pesquisador, o total de chuva abaixo da média e a distribuição irregular representa uma necessidade de ações preparatórias para reduzir o impacto da seca.
Para a Região Sul, ele alerta que as chuvas deverão aumentar, nos próximos meses, exigindo atenção. “A preparação é saber que vem mais chuvas na Região Sul, que pode ou não atingir o estado de São Paulo, alguns meses sim, outros não. O sinal mais forte do El Niño na Região Sudeste é o aumento de temperatura”, disse.
Em relação à temperatura, os próximos três meses devem ser de dias mais quentes em todo o Brasil, com exceção do Sul, onde as temperaturas devem ficar em torno da média, devido à maior quantidade de chuvas.
Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, a análise do grupo vai orientar as ações do governo nas áreas de geração de energia, produção agrícola e o uso da água para abastecimento humano e animal.
“A partir desses modelos, a Agência Nacional de Águas, o Ministério de Minas e Energia, associados aos nossos institutos, farão as análises do estoque de água, da previsão para os próximos meses, e onde vai ter que aumentar ou reduzir as vazões nos próximos meses”, disse.
O Grupo de Trabalho sobre Previsão Climática foi criado em 2013 e reúne representantes do Inpe, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, entidades vinculadas ao ministério.