Para o MP, cerca de 80 mil crianças e adolescentes trabalham no cultivo e preparo das folhas de fumo no Estado. Segundo a procuradora Margareth Matos, essa realidade se estende ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina. Na região existem cerca de 200 mil famílias que produzem o fumo.
O MP acredita que os pais das crianças são obrigados a usar o trabalho infantil para cumprir os contratos. Para a indústria a realidade é outra: o trabalho infantil é um costume familiar.
? O setor fumageiro das empresas é totalmente contra qualquer tipo de trabalho infantil a qualquer título. A agricultura familiar tem as suas peculiaridades, entre elas a participação das crianças no plantio com a família, até porque os pais não tem como deixá-los nas suas casas ? disse o presidente do Sindifumo, Iro Schunke.
De acordo com a procuradora do Trabalho Margareth Matos, as condições impostas pela indústria do tabaco para os produtores em regime de economia familiar não possibilita que haja a contratação de um adulto em substituição ao trabalho de crianças e adolescentes.
? Então é usada mão-de-obra gratuita, que seria um dos seus filhos ou sua esposa, se não tem como dar conta de toda a produção ? acrescenta ela.
O Ministério do Trabalho estuda maneiras para cobrar da indústria o fim do trabalho infantil no processo produtivo.
? Nós precisamos melhorar a fiscalização e num futuro muito próximo toda a cadeia produtiva de fumo terá uma certificação, de modo que todas essas coisas equivocadas que acontecem sejam erradicadas da cultura do tabaco ? afirmou o assessor especial da pasta, Flávio Zacher.