Ministro brasileiro das Relações Exteriores ainda aposta na retomada da Rodada de Doha

Celso Amorim afirma manter contato com autoridades de outros paísesAs negociações da Rodada de Doha, interrompidas no final do mês passado, ainda podem ser retomadas. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, líderes de outros países já demonstraram disposição em reiniciar as conversões, na Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar chegar a um acordo sobre a liberalização do comércio global.

Amorim disse que tem mantido contatos com autoridades de outros países e com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. Nesta quarta, dia 13, o chanceler brasileiro conversou, por telefone, com o ministro do Comércio e Indústria da Índia, Kamal Nath.

? Eles [os telefonemas feitos nos últimos dias] espelham um desejo nosso de tentar aproveitar o que provavelmente é uma última oportunidade neste momento para concluir a rodada na base do que havia sido acordado, senão por todos, por um número expressivo de países ? afirmou Amorim.

Na avaliação do ministro das Relações Exteriores, a janela para que o assunto possa ser retomado oficialmente é de três a quatro semanas. Depois disso, seria necessário esperar um tempo maior para reiniciar negociações na OMC.

? Na realidade, todos nós achávamos que o prazo era julho, porque esse seria o prazo normal, e teria sido se, como em outras ocasiões, tivéssemos terminado num desacordo muito grande ? disse o ministro.

Ele ressaltou, no entanto, conseguiu-se avanço em quase todas as áreas fundamentais de negociação.

? O que faltou para fechar o acordo foi algo relativamente pequeno. É como você construir uma catedral e na hora de botar a torre do sino a catedral inteira cair. Então, vamos ver se ainda é possível a gente colocar a torre do sino do jeito certo ? completou.

As declarações foram feitas logo após a reunião que Celso Amorim teve com a conselheira federal para Assuntos Exteriores da Suíça, Micheline Calmy-Rey. Durante o encontro, eles assinaram um memorando de entendimento para a discussão de um plano de parceria estratégica entre os dois países.

De acordo com Calmy-Rey, entre as prioridades do futuro plano estão assuntos ligados ao desenvolvimento sustentável e à segurança alimentar, prioridades para a Suíça. Nesse contexto, entra a discussão sobre a produção de biocombustíveis, como o etanol feito a partir de cana-de-açúcar desenvolvido pelo Brasil.

O memorando prevê a realização de reuniões periódicas, que devem colaborar para estreitar a cooperação entre os dois países em assuntos políticos, econômicos, jurídicos e ciência e tecnologia, bem como nas questões regionais e globais.

? Temos soluções. Não apenas belas palavras ? afirmou Micheline Calmy-Rey, destacando que há interesse também na cooperação trilateral para ajudar países mais pobres.

Outro assunto discutido na reunião foi a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). Celso Amorim disse mais uma vez que o Brasil espera que se possa passar logo à fase de negociações.

? Nós procuramos enfatizar que é importante que o Conselho de Segurança não seja mudando apenas nos procedimentos, mas também na sua composição.

Calmy-Rey enfatizou que a Suíça gostaria que o Conselho de Segurança adotasse procedimentos mais transparentes e disse esperar que a reforma “não demore muito tempo pela falta de consenso no que toca ao aumento do conselho”.